domingo, 27 de dezembro de 2015
o que seria das feridas
se não fosse nossa pele
a espera da picada
de um mosquito fora d'água?
ou de tubarões mergulhados
em larvas de vulcão?
o que seria dos infernos
se não fosse o quinto
elemento pra nos cobrar
quem deixamos de ser?
o que seria das princesas
sem os sapos
e seus cânticos solenes
de terror?
o que seria dos humanos
sem poemas ou verdades
desvairadas de amor?
o que seria das explicações se não
o gritante escuro que as perturba?
o que seria do que seria
se não pudéssemos ser seremos?
Tenório Pierre
sábado, 26 de dezembro de 2015
quinta-feira, 24 de dezembro de 2015
natal, ano novo, a porra toda
e vou viajar na maionese;
cristo nasceu, vai morrer de novo
e vai nascer até
minha barba ficar branca e eu
virar papai, mamãe, titia
e aquelas nuvens pesadas
choverem tudo
e choveram, choraram,
lágrimas sem destino
quinze pingos
de macarrão no escorredor
de um milênio debutante
agora levemente palhas secas
encharcadas de vento
sobrepostas ao meu descarrego
florescerão sentimentos de
mim mesmo ao tu ao tempo
e a tudo mais
lendo, lento, foda-se o destino;
vos canto alento
e escrevo gritos.
sozinho
Pierre Tenório
quarta-feira, 23 de dezembro de 2015
pinto as paredes
em cores
de versos livres.
imito felicidades
segurando um
molho de chaves
que sozinhas
trancham janelas
emocionadas e
abrem links
de portas
em cadeados.
desencadeando,
desperdiço
o mundo inteiro.
CPU ligada
sem monitores
aos olhos,
posso sentir
no teto
nuvens inteiras
de fumaça.
passeio
entre urubus
num cabaré
a céu aberto.
na primeira pessoa,
digito amores
enganados
em particípio.
Pierre Tenório
sexta-feira, 11 de dezembro de 2015
eu acordo
e contigo
laço acordos
você me despreza
enquanto te amarro
as mãos na cadeira
pra que não fujas
nunca
d
aí você cospe na minha cara
como se eu não gostasse
nada
de poema em poema
que te arranco do avesso
mastigas a força
que tenho nos óculos
alvos.
em sua boca
empurro um café forte
para que não me deixes
dormir.
Pierre Tenório
quarta-feira, 9 de dezembro de 2015
todos os trabalhos
ao fim do período
dessa faculdade
que nada ensina
do que esperávamos;
eu que deveria
te encontrar de 4
perdi o horário
no ponto de ônibus
mas, não reprovamos
sequer uma vez
entregamos tudo
um pouco atrasado
mesmo a professora
não compreendendo
uma só palavra
do que nós dissemos
você só queria
mesmo que eu fosse
sentir as batidas
do teu coração
dentro da minha boca
que ditava tudo
enquanto escrevias;
dane-se os trabalhos
a academia
e a professora,
fizemos a música
tocar como roupa
pra nossa saudade
vestida de vento
no calor que faz
por esses momentos
e o relatório
entregue amassado
não passou de um sonho
jogado no armário.
Pierre Tenório
segunda-feira, 7 de dezembro de 2015
não venho me importando
com nada que venha
cheio de tudo
ontem alguém me disse que
somos partículas de nada
foi quando então
me senti tudo e contudo
nada me sinto
por favor não me tire as calças
para que me sinta
mais importante
só me tire daqui
dalí
ou me salve
não me sinta
pois me matam
que cada salto
só me leve
a toda nota
de zero ao nunca.
Pierre Tenório
sexta-feira, 4 de dezembro de 2015
apagado
faltou luz na minha cabeça
e os olhos permanecem acesos
iluminando a escuridão do mundo inteiro
como brasas
o mundo que me parte
e me partes em vãos vermelhos
de sinais verdes
o sorriso amarelo te clama
a mergulhar em cinzeiros
nado ao nada
algo ou alga.
Pierre Tenório
sexta-feira, 27 de novembro de 2015
quarta-feira, 18 de novembro de 2015
pude ouvir cada nota fora do tom que a música pedia nos ensaios,
aquilo martelava como as cordas de um piano.
distante das geografias do teu corpo, escalei montanhas de lama
à procura de lugares seguros pra descansar o juízo que condena
diariamente nossos atos.
e enquanto o ouvido já pensante construía tudo que queria,
insistindo em não ouvir o desprezo que desafina os olhos,
a boca solfejava uma melodia que quase implorava por acordes:
-meu bem, é preciso aceitar o fado
de amar e se amar sem ser escravo.
Pierre Tenório
.
domingo, 8 de novembro de 2015
posso sentir de longe
o cheiro da tua pele
meu nariz não alcança
insisto em lamber o medo
na secura que abriga-me os lábios
no fundo do teu segredo
e até propor uma dança
com as sobras da esperança
por mais pequena que seja
é meu presente ao chão
que insistes em desbravar
nu corpo em meus pensamentos
no toque que sempre corre
esse é o tipo de amor
que alimenta a vida;
rastejarei sorrateira
pra alma sugar por inteira.
Pierre Tenório
sexta-feira, 6 de novembro de 2015
queria sair correndo
pro longo abismo que crio
a cada passo que deixo
nas profundezas de mim
me desmanchar no caminho da queda
engolir objetos que nunca digiro;
vomitando pedaços e
desatando os laços
do meu vestidinho
pra morrer bem nua
na tua.
queria seguir os caminhos
que insistes despistar
comer alpiste em gaiolas
pra poder me libertar
e ser cozido a lenha
em fogões sem bocas falantes;
podemos ser nosso prato
principalmente quando
ainda estivermos vivos
aos prantos embriagados
com o doce sangue de Cristo;
brincaremos com as hóstias
derramaremos vinho
vamos fazer no altar
o amor de Deus ser real
daí
iremos direto pro inferno
queimar todas as verdades
afinal de contas
você sempre ri de mim
e dessas minhas blasfêmias
quando adentramos a igreja
pra fotografar os santos;
- você precisa sempre postar todos os momentos?
vestimos tudo que é de mentira
e o mundo há de nos despir
sempre
pois no fundo
a queda é sempre rasa
sentiremos ou não
os nadas.
Pierre Tenório
quinta-feira, 5 de novembro de 2015
domingo, 1 de novembro de 2015
descanso sem fome
comi toda vida
na noite de ontem
por um só momento
me desconstruí
achei que não era
capaz de fingir
invadindo os fins;
de dentro para fora
há de chegar tua hora
e o fogo tomará conta.
nem sei se estou morta
só quero tomar pra mim
qualquer juventude rubra
no vão das mentes espertas
há sempre uma porta aberta
terei que ficar por fora
transmutando las piedras
em desumanas obras
está nos pingos das velas
está nas gotas de esperma
está no fio da veia
também no medo das tintas
que escorrem lente às telas
estarão profundamente
os buracos dos olhos
aterrorizando o amor.
Pierre Tenório
terça-feira, 27 de outubro de 2015
segunda-feira, 19 de outubro de 2015
perdi todo o medo que sentia das palavras quando comecei a ouvir o silêncio gritando pra eu ficar longe em sussurros ao pé do ouvido ganhei coragem pra enfrentar ausências e perigos somos conchas carregadas pelas ondas do destino que inventamos no ouvido pensante, nunca aprendi a pedir perdão mas sempre que seguro sua mão e nossos caminhos se cruzam nos meus olhos opacos o desejo de viver se reaviva mesmo cuspindo a cada ressaca pedacinhos de nós dois inexistentes se há sempre despedidas sempre haverão ultimatos.
Pierre Tenório
terça-feira, 13 de outubro de 2015
escrever um poema
e comecei a escrever
vários poemas fáceis
sem pensar em nada
qualquer coisa era um poema
bastava estar impresso
ou impressionar
depois eu nem falava sobre a fome
nem sobre a ditadura
pensei que escrever um poema
fosse apenas ser
o protagonista
da carta de amor
que bebe uma taça
de orvalho esperando
o bem-me-quer
mau-me-quer
e morrer por isso.
agora
não consigo escrever porra nenhuma
apago tudo quanto penso que acabo
e continuo sem saber de quase nada
leio pra evitar ficar sozinho
não depilo as pernas
gosto como pelos aquecem
e enfeitam o corpo
apelo para que a canção
me deixe
dormir
entendo por fim que o poema
é um grito;
e tem gente que vive calada
escrevendo nos olhos
dos outros
poemas fósseis.
Pierre Tenório
quinta-feira, 1 de outubro de 2015
na varanda da minha casa
para que pudéssemos sentar
e do nada criarmos asas
mobiliou toda a sala
com os móveis de todo nada
na cozinha um fogão
e geladeira lotada
o quarto era a perfeição
para a nossa solidão
e sobre completa mesa
muitas latas de cerveja
para podermos assim
semearmos todo fim
dos começos que inventamos
na embriaguez que nos amamos.
Pierre Tenório
domingo, 27 de setembro de 2015
inerte dentro dele
pacifico minhas vontades
tudo pode existir
nossas visões
sobre as coisas.
os anéis de saturno
entre os dedos
é tudo que você pode
me dar;
não respondo as perguntas
no entanto, me encontro
dentro do teu cu,
enquanto os ossos
pensam.
Pierre Tenório
quinta-feira, 24 de setembro de 2015
e a garota bêbada
fecha todas as portas
meio cansada de tudo
ajeita a cortina da janela
para caso a luz divina
ouse buscá-la pela fresta;
ela olha sentada na cama
para as capas dos livros que já leu
acende algumas vezes o isqueiro
apaga a luz e arregala os olhos
aperta as teclas do telefone
incomodada com a luminosidade
ela gosta mesmo é do silêncio
aceso
das frases desconexas
que pairam pelo pensamento,
pensa até em arranjar um emprego
sente o cheiro das cédulas
e decide gastar todo tempo
fazendo tempestades
em copos de álcool;
não há hora pra acordar
quanto mais se sonha.
Pierre Tenório
terça-feira, 22 de setembro de 2015
protagonizar o poema
além de comer o coração dele,
ser maldito, desnudo
encarnado e condenado
ao mergulho de outros
arrancar a alma da poesia;
assistir-se ao lado de dentro
estar num palco é ser não sendo.
sinceramente não compreendo
nenhuma letra que fora escrita
neste âmago por tua língua
nossos corpos fétidos
encharcados não recuaram,
teus líquidos a sede do corpo
saciaram embriagando-me todo
sinceramente não admito
teres me raptado a alma,
disso não me conformo
nossos corpos alinhados
nossos órgãos em comum
ossos dóceis não fugiram do afago
as memórias que me cospem forte a face.
quando digo que te amo
e você me retribui
com flechadas e pancadas
tiros, bombas de palavras
silêncios, facadas imaginárias
cara feia, risinho tranquilo
quando dizes que não sabes
se é nunca mais ou sempre;
me convenço que nasci unicamente
para amar ser tua putinha,
a putinha que desprezas loucamente
a putinha que te imagina como não és
e te apaga quando risca na parede
com os ponteiros arrancados do relógio
versos irreversíveis e sem tempo,
falas de um texto improvisado;
a putinha que espera temerosa
o silêncio do despertador.
interpretar a putinha que te ama
é sobretudo ser o palco que enganas.
onde estou?
Pierre Tenório
domingo, 13 de setembro de 2015
sob efeito das tuas estruturas
que droga
dormente o mundo não real
despenca pesado
e um cupido pousa
bem em cima
do meu baseado
tudo real
mas, o que é real mesmo?
as pedras ficam andando pelos jardins
e eu fico olhando pra elas
elas estão paradas é?
ai, meu deus
não lembro de nada
não preciso falar
que ouvi aquela canção
você pode confiar em mim
mesmo eu nunca decorando
o uso dos porquês
é mais forte que eu
pareço uma música
mal traduzida
podemos fazer quantas
quisermos pra depois
esquecermos todas elas
como você esquece
de me ligar todos os dias
eu queria fotografar as tuas roupas
penduradas no varal
pra sempre poder te despir
no afago dos pensamentos
e te afogar
no berço das minhas lágrimas
o amor está dentro dos seus olhos
enxutos
eles são meus.
Pierre Tenório
quinta-feira, 10 de setembro de 2015
sufoquei uma flor
com apenas dois dedos
e serei condenado
pelo ato insensato;
mudas de flores
surdas num jarro
não falam comigo
nem leem sequer
uma só palavra
do que está escrito
sempre serão minhas
mesmo entre as páginas
dos livros favoritos.
com apenas dois dedos
fumei com remorso
o milésimo cigarro
da tua carteira
a primeira vez
que tive certeza
que tua presença
nos ares fumaça
me traz com a proeza
de quem por mim passa
e não me convence
que preciso parar
de tanto estragar.
Pierre Tenório
terça-feira, 8 de setembro de 2015
de nenhuma forma
a interromper
silêncios perfeitos
e principalmente
como o teu, escuro.
apreciar a ânsia
de palavras nuas
conforme o tempo
na esteira estática
correndo em direção
contrária, não passa
é quase bastante
para qualquer dúvida
não ter forma alguma
apenas a tua
que ao lado, sentado
clareia silêncios
em sombra de músicas.
Pierre Tenório
sexta-feira, 28 de agosto de 2015
de abrir os próprios olhos
mais uma vez, olha
olha só pra isso, baby
eles estão bem distantes;
e aproximadamente
pertinho
nuvens negras, também brancas
para sempre cegos
estarão os sonhos
prefiro por todos
e
todos e todos
os momentos curtos
da minha vida linda
procurar feiuras
pra poder maquiar
de forma incerta
destransfigurar
em algo possível
de ser impossível
qualquer coisa; rima
mínima, semínima
qualquer musiquinha
ou sombra de dúvidas
ando aprofundado
nos rasos dos poços
meu coração óbvio
pesca peixes mortos
mastigando anzóis
em nenhum lugar
o fogo do inverno
vai queimar tuas roupas
tanto em tanto tato
dedo no nariz
cheira quase olfato
ou fato, tua boca
diz, beijos calados
vomitando coisas
inteligentíssimas
que minhas orelhas
tão grandes ouvintes
não vão escutar
ouço barulhosas
as asas das borboletas
que
pousam na carroça
do burro que galopo
pra longe do perto.
sinto muito
o mau amor.
Pierre Tenório
sábado, 22 de agosto de 2015
parem comigo, não suporto meus sonhos,
o peso das armas corta-me os punhos;
mal consigo apanhar as retinas
na pia do banheiro e nada mais me importa
pois minhas malas foram postas
bem dentro de mim, não responda
permaneço cega.
me calem as cores, ventanias e cristo
só não o cu
pois tanto quanto cago, as bostas nossas
velhas, novas, idiotas, cheiram bem em costas
ricas memórias, meu abraço, coração,
asas das costas que arranco
voos em longos térreos.
cortem-me as pernas, não os precipícios;
façam que eu caia do mais alto abismo
possíveis razões de viver
por mais bêbada que estejas
nunca deixarias pistas ao redor
da mesa .
quando me deixares pensando
fugindo das cordas andando
desequilibradamente;
sonharei todos os dias
o mesmo sonho; você
em livre queda presa.
Pierre Tenório
como o olho, o deslocamento de gás pode causar uma ferida grave"
PROJÉTIL FESTIM
tenho muito medo
de não conseguir
escrever poemas
já que tua língua
lê de toda forma
o que não percebo
sobre o meu corpo
agora só vítima
como a tudo temo
em certeza dúbia
não consigo ver
ainda as letras
na tua carteira
de identidade
cédulas inteiras
metades inválidas
te peço, querido
faça-me um favor
compres o meu peito
com as tuas graças
deite bem pertinho
te darei de graça
todos os carinhos
de um eu sem farda
atire um pouco mais
perto
no alvo dos meus
desertos.
Pierre Tenório
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
meus cavalos percorrem tabuleiro
agora dentro
não ajo mais como dama
os saltos quebraram enquanto
subia as escadas da torre
pra ir conversar com você;
não estavas lá.
[confesso que nem fiz nada
desesperada]
com teus pés corri descalça
apenas;
joguei fora as roupas
despi de qualquer nobreza
nua apenas tua coisa
querendo bem menos só
pular na beleza daquele
pedaço de tempo perdido
e achado por este poema
necessário
não me confunda as pupilas
espero que tua vingança
me mate de graça e à vista
daquela bonita paisagem
que sem você é a miragem
que me habita mesmo assim.
Pierre Tenório
quarta-feira, 5 de agosto de 2015
disseste
kiss me, bem
meu bem, quiseste
reencontrar
dentro do jeito
meu paladar
roubando tempo
para escutar
tudo que importa
você calar
alguma coisa.
olhando ao canto
entra no olho
pra que eu possa
fingir não saber
reagir bem
fazer de você
o único bem
que eu possa querer.
escreverei alguma canção
onde possa te dizer, não.
como alguém que já aprendeu
nunca dar ouvidos aos olhos
melhor rasurar um poema
que nunca será entendido
do que declamá-lo pra sempre
em rodas de tempo perdido;
hei de rasgar nossos medos
soltando e guardando segredos
do sentimento que diz tudo
para qualquer ouvinte surdo.
Pierre Tenório
Entoarei canções de balão
à beira de fogueiras apagadas
esboçando a felicidade
nas dobraduras de não sorrisos.
Contemplarei o soneto das cordas
amarradas aos calcanhares
sentindo o chicotear nas costas
no profundo silêncio dos gritos.
Repousarei sobre mares de notas
como um peixe navega sem vida
entre ventos de sóis e chuvas
ressuscitando o amor todo encanto.
Pierre Tenório
quarta-feira, 29 de julho de 2015
Existe um vazio
inexplanável vazio
fora de órbita
e sem gravidade
metáfora nenhuma explica
mas, posso tentar como ninguém;
é como se eu não ligasse
mais para você
e tentasse de tudo
nadar para o fundo
das mentiras do mundo
e quisesse sem paz
que as estrelas caíssem
sobre nossos pés
como déjà vu.
uma fechadura
no olho do cu
abre toda aorta
mas, não existe máscara
e os portões trancados
a chave antiga
única que abria
pra sempre perdida.
agora, querida;
você dá corda na caixinha
e a bailarina rodopia.
Pierre Tenório
segunda-feira, 27 de julho de 2015
Pinceladas de tinta em bolas de sorvete brancas
Tempestades nos goles de cervejas frias
Vassoura no chão do corredor com papéis coloridos
Paisagens sonoras aos arredores do sítio
Trechos de um documentário bom para o espírito
Abrir livros de poemas e navegar estórias
Ouvir lendas d’outros mundos ao dobrar as linhas
Rir dos tempos que nunca mais serão perdidos
Fingir que está triste pra passar o medo
Dar muitos e muitos beijos sem permissão
Sorrir sem vergonha do dente que está quebrado
Fumar baseados alegando largar os cigarros
Fechar portas e abrir janelas desertas
Soltar pássaros presos em qualquer gaiola
Chorar pela árvore cortada na calçada
Nascer criança todos os santos dias
Permanecer criança mesmo nos dias ruins
Estar sempre atento (a)os ventos.
Pierre Tenório
quinta-feira, 23 de julho de 2015
Numa cela com oito homens
sonhei sendo estuprada
estava naquela prisão
por ter amado um cara,
os homens que ali viviam
rasgaram as minhas roupas
choraram as minhas lágrimas
enquanto eu implorava
para que não parassem
de me tratar como a dama
que sempre cuidou da casa
e sempre lavou as roupas
e sempre fez a comida
ignorando as outras
foi a mais divertida.
Os oito homens tinham
as faces dos meus amigos
que me alertavam em tempo
que homens são como vento;
Estuprada pela lembrança
do dia em que fui traída
por minha própria consciência
e por ter acreditado
que pudesse ter um filho
de cada um que matei.
Estuprada por aqueles oito
fiz o papel de escrava
durante quase toda vida
e as seis da manhã chuvosa
daquele último dia
acordei acorrentada
nas grades da solitária.
Pierre Tenório
Sempre tão cedo
para os dedos
tocarem tanto
esses desejos
do corpo ausente
cheio de pelos e lacunas;
Criados mudos
e travesseiros
chuva de lágrimas
sem pesadelos
sonhando em tempos
de desespero e afinidades;
Os dias passam
em horas lentas
não há trabalho
nem evidências
de que a sorte
mudou de clima
não mais o vejo
tudo é neblina e
o chão está seco;
A menina
atravessa a rua
de mãos dadas
enquanto passo
fingindo sempre
que vejo tudo.
Pierre Tenório
segunda-feira, 20 de julho de 2015
o simples nuclear de tudo
desde quando a aurora anoitece
é o que faz as mudas de sementes
florirem bombas de amizades
verdades expostas nos brinquedos
caminhos trilhados com coragem
o meu é também teu desespero
bobagens, bagagens, estilhaços
quando encontrados aos destroços
os reconstruímos em memórias
serpentinas, velórios, inglórias
desmanchados aos tempos de delírios
construídos nos templos preto e branco
permanecerão sempre coloridos.
desfaço meu soneto vos amando.
Pierre Tenório
sexta-feira, 17 de julho de 2015
pra ninguém
disso pode ter certeza.
Só posso servir
um café
se me deres a sobremesa.
Sou totalmente cruel,
quando os dedos tocam o papel.
Mesmo assim, não te assustes
com as minhas fantasias
todo esse ódio que sinto
é invenção da poesia.
Pior do que estar sozinho
é chocar ovos, sem ninho.
Posso voar pra bem longe
em questão de segundos
mas, só sobreviverei
levando comigo o teu mundo.
Assim poderás sentir
como é morrer por mim.
Pierre Tenório
tenho 25 anos, me sinto com 26;
os anos passam por todos os anos de uma vez,
batendo na minha aorta.
ninguém para pra dizer
que a solidão é insignificante,
estou quase acompanhado
pela nudez dos ouvidos.
um pedaço de pano felpudo veste as noites e dias que passam
sem nenhuma visita à prazo, com garantias.
faço videos provando o quanto sou viva e talentosa,
não estou morta viado, só não atendo o telefone.
existe algo pior que só ouvir a própria voz?
me pego falando ao travesseiro,
olhando através de alguma janela
de algum ônibus estacionado.
procuro a cura para os abandonos mal resolvidos,
miro ao chão sem curvas,
pobre de mim.
amanheceu e
pulei do décimo quinto andar daquele hospital
quando disseram que eu
estava curada.
Pierre Tenório
de transar com um assassino
ele sabia como
tocar as minhas mãos
ele sabia o quanto
eu pudia ser letal
sobre suas veias
de quase menino jesus;
pedi para que me matasse
e olhos nos olhos roubou
algumas palavras da boca
tirando do bolso uma faca
rasgando o próprio peito
arrancando o coração.
calado me fez um pedido
para que eu comesse
empurrou-me inteiro a boca
o gosto não era bom
mas, afinal de contas
estávamos nos nascendo
de tanto que não parávamos
de jogar conversa,
eu já não tinha paladar
confessou muitos segredos
despertando meu desejo
de estar em sua memória
como tatuagem de chiclete
não houve sequer violência
nem penetração.
Pierre Tenório
quarta-feira, 8 de julho de 2015
as paredes me convocam
me convocam
pareceres
como sempre
engulo
tudo
como
sempre
tudo.
estão batendo ampulhetas
na nossa
cara, por favor
devolve meu carinho
devolve meu cheiro
meu jeito
pode ficar
desculpa, mas não dá
pra te encontrar
alguma coisa em mim
dói muito
quando deito
tantos quantos
reais
me mostram a bunda
e eu mostro a bunda pra você
abro todas as janelas e
me faço
parecer outras pessoas
pra te encontrar em outros
fernandos,
sua louca
não te leio e quando
fico de pau duro
sempre que você
pensa em me dar
boa noite ou
uma dura,
te adoro
te deduro
para dentro;
o meu pensamento
é morte;
sai de perto
espelhos não respondem
os comandos
dos meus nervos
erros
desmandando
mandos
balançando bandeiras
pedalando escadas
circulando
de uma hora pra outra
fico doente
e morro no parto
carente, amo
em traços de
tatuagem mal feita
me deito
deleito
granito.
gratuito,
grão
de deserto
olho miragens
tantos
disfarces
permito que algemas
sereias
se afoguem
em algumas
pérolas.
expulso todos da sala
de estar
jogos
jantar
lugares
lugar
quebro taças
vazias de você
acelero
nos quilômetros
voando com as tuas asas,
rasgo meus diplomas
sugo tua alma,
amor.
peço as deusas
que me tragam
os teus dedos
numa bandeja
de ovos quebrados.
vou aos médicos
descubro
doenças de mentira
remédios, chocolates
psicopatias
esqueço a lógica,
sou a garota negra
do tempo que passa
meteoros.
totalmente sozinha
como as letras de um jornal
antigo, me proponho
rodar
caixinha de música
ouvindo vozes
me dizerem
se estou boa ou
ruim,
mar
fim.
recomeço
de enfins
já não tenho
paciência
peço que não me escute
nem me leia,
peço que se convença
o ódio é para todos e vai além.
sempre que te leio
nunca te vejo
preciso te ser, dentro.
esses dias presenciei
alguém bem no meio
de nós
tão bonito, colorido, rico,
tão legal
tão cinema, ecologia,
tão sarcástico
tão horrível
previsível
quanto quem estava obrigatoriamente
cortando aquela árvore;
não intervenho
vinho
venha
poesia;
morro como as coisas morrem
em alguma hora.
longe mesmo
longe
te distraio e tudo mais
exaustivo
te perturbo de novo
e logo
vou com tudo
repondo as sementes do jardim.
consigo falar do teu sorriso
último
póstumo.
rio
do passado inconsequente
choro do presente.
penso em me jogar da janela
do térreo,
me empurram para cima
e eu subo
caio
sem saber mesmo
onde
no sítio do pica pau
descamado
visconde.
cortaram mais uma árvore
amarrada naquele poste
imagina
se um coração quebra
eu posto
e tu compartilha
mesmo que seja ou não
choro e tu nem te ligas pra mim.
o telefone é a única coisa
que não me toca.
recita um poema?
por favor,
preciso ser enganado.
Pierre Tenório
segunda-feira, 6 de julho de 2015
com esses carinhos nas minhas costas,
estou adorando essas estórias,
cuidado para não quebrar as asas,
tenho muitas penas belas, você pode arrancar uma
e fazer um colar
ou um pincel, sei lá.
Acalma as correntezas
desse sangue que pulsa e ferve dentro de mim,
para que eu possa descansar um minutinho,
você pode beber o quanto quiser,
mas não largue os dentes do cangote onde abrigas vampiro.
Pode gozar
na minha cara.
Congela os batimentos
do relógio que ao teu pulso abraça e sufoca,
o tic tac atormenta meus ouvidos, toque uma música
que eu possa viver
em câmera lenta
cantar de vez em quando,
pra lembrar o que virou lenda.
Aqueça somente as memórias, amanheceu,
posso te deixar em casa,
antes, podemos tomar café e fumar outro baseado,
gostei quando você disse que tem namorado,
leva um chocolate desse aqui, é o meu favorito
e não esqueça as meias.
Pierre Tenório
Na mira de pistolas
que disparam água benta
Alvo, grito pela paz
pregando o que não sustenta
Bebo sangues diferentes
no inferno me mantenho
Feliz como ser ausente
olhos nos olhos detenho
Peço pra que te consagres
nos pecados dos milagres
E que permaneça solto
na imensidão dos sonhos:
morto.
Pierre Tenório
sexta-feira, 26 de junho de 2015
quinta-feira, 25 de junho de 2015
o colar que tu fizeste
mesmo despido de tudo
somente ele me veste
e me enfeita
Pintei meus lábios de vermelho
para inibir a palidez da alma
olhando fixamente o espelho
não vi reflexo de nada
tudo estava na memória
Tive que me despedir
não suporto tua felicidade
o que sinto não é amor
é a doença vaidade
sem sentido
Arrancaram meus alicerces
destruíram o telhado
sou paredes sem lençol
esperando do sopro divino
algum milagre.
Pierre Tenório
quinta-feira, 18 de junho de 2015
quinta-feira, 11 de junho de 2015
podes ficar com nossos filhos
e dizer que eles são seus
se quiser presenteá-los
para uma má família
ou deixar em alguma rua
sem lixeiras vazias
fique a vontade;
se quiser pode guardar
os nossos sêmens
pra jorrar ou despejá-los
n'outros jarros
fique à vontade pra apagar
os nossos rastros
e colher flores só suas.
Pierre Tenório
terça-feira, 9 de junho de 2015
dá uma de hétero e quando fica bêbado dá o cu
paquera os machos na mesa, arrasta qualquer cafuçu
namora meninas fáceis, por pura pressão dos amigos
em relacionamento sério, chupa até os desconhecidos;
os olhos da bicha são tristes,
não negam que não resistem
e a cada homem que passa
entrega sua desgraça;
me disse um certo dia
que iria assumir
nosso amor para o mundo
mas, não que iria fugir;
de tanto beijar meu pau
perdeu a noção da hora
enquanto eu me apaixonava
vestia-se e ia embora.
por não se dar ao respeito
o crucifiquei em meu leito.
Pierre Tenório
domingo, 7 de junho de 2015
segunda-feira, 1 de junho de 2015
não pude afirmar
que fui escolhida
para no poema
ser tua querida
mas, ligeiramente
logo percebera
que haviam pedaços
meus, na cabeceira
da cama onde dormimos
finas pernas, sem rangidos
espelho sem reflexo
lençol inútil, fino.
as poucas linhas do texto
que vi naquele teu livro
contemplaram meu ensejo;
não deveria ter lido.
a mão que súbita exita
tocar profundas feridas
é a mesma que digita
falas desconhecidas.
Pierre Tenório
domingo, 31 de maio de 2015
quarta-feira, 27 de maio de 2015
em meio a alta neblina
n'um futuro dia ensolarado
mais uma vez nosso deus
me apareceu crucificado
olhos nos olhos disse
no silêncio, uma advertência:
não acredites em mim
nem tenhas mais paciência
tu já estás no inferno
queimando entre meus verbos
o teu coração deserto
não frutificará nada;
enquanto a alma florida
ignorar quem te fala.
Pierre Tenório
quinta-feira, 14 de maio de 2015
Tínhamos intimidade
coisas tão nossas, difíceis
de se repetir algum dia
ou conduzir ao abismo
Crias de vida eterna
amigos de pouco tempo;
Encontro em relógios quebrados
a condenação do desencontro
Observar todo dia
e não mastigar tua língua
Beijando o longo silêncio
enquanto te falo por dentro.
Pierre Tenório
domingo, 10 de maio de 2015
abortei o coração
quando tiraram
meu cabaço.
abortei a solidão
quando vestiram-me
disfarces.
abortei as decisões
de um caminho
sem destinos.
abortei transformações
ganhando o tempo
que perdera.
abortei meu embrião
e descobri que
sou uma filha
da putaria.
FELIZ DIA DAS MÃES
Pierre Tenório
as árvores balançam suas folhas
em movimentos constantes,
enquanto dançamos a vida
comendo seus frutos
em questão de instantes.
usamos a nossa beleza
pra esconder no fundo da alma
qualquer tristeza que aja.
fazemos da vida brinquedo
e em qualquer parte da terra
perderemos os nossos medos.
Pierre Tenório
quarta-feira, 6 de maio de 2015
Ele amava
quantas vezes fosse
desnecessário.
Matava os anjos caídos
que ao seu lado
repousavam.
Sobrevivia dia após dia
comendo o pão
que o padeiro amassa.
Pertencia aos céus e infernos
mas, no fundo
guardava segredos.
Conseguia enganar todo mundo,
mas, preferiu enganar
a si mesmo.
Não há hora pra escolher
o momento de se permitir;
(se) perder.
Pierre Tenório
Não é por mal, mas gosto de ver as pessoas perdendo o controle de suas vidas patéticas;
jogando coisas fora, catando lixo e até fumando merda.
Adoro quando tentam ser eu, é quando acho mais engraçado;
confesso que aprendo coisas, principalmente a mudar meus rumos.
Não é por mal, mas não sinto compaixão por gente artificial,
conheço de longe papéis baratos e não me agrada teatro estudantil,
cães ladram e até mordem, mas não são capazes
de tirar uma nota dentro do tom;
a única coisa que machucam, são ouvidos.
Adoro mais ainda quando querem o que é meu, assim,
posso adquirir novas peças e me reconstruir.
Só não gosto quando me tomam como exemplo,
já que nunca fui rainha do milho.
Saber quando a maconha é boa e não é droga,
vale mais que qualquer psicotrópico,
melhor ir à farmácia comprar absorvente interno,
quem sabe não absorvera algum poema um dia frio,
num bom lugar pra ler a bíblia e o pensamento em alguma xoxota.
Tem dias que acordo odiando os evangélicos,
certos deles eu preferia ver queimados,
e não seria no fogo do inferno; Perdão, Deusa!
Não suporto o previsível, somente quando viajo sem grana.
Gosto de bagunça; algo simples, criativo e gentil
principalmente se for prensado.
Me emociona a clareza e a escuridão das realidades;
cheiro de fossa sabor lavanda.
Pierre Tenório
quarta-feira, 29 de abril de 2015
terça-feira, 28 de abril de 2015
sexta-feira, 24 de abril de 2015
sexta-feira, 10 de abril de 2015
não é de costume, mas, ele correu.
não sabe a verdade, mentira ou identidade;
se mostra valente, tão inconsequente, vadio,
vulgar.
Não faz de conta, nem se apronta
pra aprontar, afronta;
conta mais nãos do que sinos na agenda
do celular, alarmes não o amedrontam.
ele se esvai dentre rios vazios;
areia, poeira e espaço.
garfos e facas o cortam e furam,
o amor não o cura.
ele me esconde segredos revelados
ao mundo pequeno das fotos;
expõe suas próprias fraquezas
em mesas sem nenhuma cadeira.
Pierre Tenório
quarta-feira, 8 de abril de 2015
Pessoas são bonitas, felizes;
coisas também.
Mas, o que me atrai mesmo
é uma bela tristeza, mesmo feia.
Coisas tristes me alegram
e abraçam, insinuam-se
aos meus olhos.
E também os meus papéis
quando os amasso
e guardo nas lixeiras
de algum leito.
Meu pau palpita por memórias
lindas, linhas
a mão escreve sobre a porra
do teu peito.
Preciso me ver triste novamente
até consertar este sorriso
num dentista, e quando disseres
nunca mais insista;
Então sorrirei sem esconder
os tempos
perdidos
pelo tempo.
{tenório}
quinta-feira, 2 de abril de 2015
Somos os deuses e demônios
da consciência que criamos
Alimentando falsos sonhos
até quando não esperamos;
Como peixinhos numa rede
em fuga dos maus olhares,
Querendo escapar da sede e
da lâmina que por lugares
Do corpo estrategicamente
cortará dos fatos à mente.
[O sangue que bebo em taças
não cura as minhas desgraças]
Eu não inventei essa história
pois, não sei mais o que crio
Não haverá escapatória
para o fluxo do rio
Que afogará os milagres,
pressentimentos e cios;
Por mais que eu tente fugir
meu corpo quer submergir
Nas lágrimas e gargalhadas
das cenas desesperadas.
[A cruz que estou pregado
não é sinal de legado.]
{tenório}
terça-feira, 31 de março de 2015
sexta-feira, 27 de março de 2015
As vezes as pessoas morrem
embaladas em folhas de ofício;
como se fossem presentes,
de aniversário
casamento
ou pequenas gotas de orifícios
respirando algum momento.
As vezes elas simplesmente dão
ADEUS;
Me esgotam as pessoas em acervo
de acertos e silêncios
ainda mais quando gritam
desesperos;
me confortam as pessoas mentirosas
que odeiam os próprios erros.
As vezes as pessoas brincam
de colocar o dedo no cu
umas das das outras, umas dão;
outras não/
algumas emprestam suas línguas
para algumas vaginas,
outras nos braços
recebem vacinas.
Tem as que chupam
e as que chutam o balde vazio
pois está faltando água.
Eu gosto mesmo é de um belo pênis;
mole.
Pierre Tenório
em dias de barba
nos dias sem máscara
em horas de férias
ausentes de tara;
nos dias de trevas
que você me esquece,
aqueles sem nome
e nenhuma prece.
cometo pecados
pro nosso senhor
perdoar o tempo
que nunca parou;
para que pudéssemos
fazer muito sexo
esquecendo o amor
de deuses sem nexo.
em noites de drogas
bossas and roll's
sempre eu me perco
por entre teus voos;
calo minha boca
poluo teu ar
aterrisso o corpo
nesse desprezar.
me lanço na queda
das poucas entregas;
embriago as horas
das tuas demoras,
mas, pelo amor
me lembro que sou
mais um objeto
pelo teu tu
dejeto.
''Ain't got no choice but lose the fight''
Pierre Tenório
Pierre Tenório
quarta-feira, 25 de março de 2015
segunda-feira, 16 de março de 2015
sábado, 14 de março de 2015
Queria tanto
te ver dormir
e de olhos
fechados
olhar pra mim
como se o sonho fosse
meu corpo.
O silêncio
gritando
pelos cílios
sobrancelhas
axilas
e perto
das partes
onde me acho
teu dono
nesse
pequeno sono.
Queria tanto
te acordar
e digerir o mau humor
como café de qualquer
dia
noite
e nunca tarde
para dizer que
te amo além
do mais
ou menos;
em noites longas
de sonos
pequenos.
Pierre Tenório
sexta-feira, 13 de março de 2015
Tua ausência caminha
sozinha ao meu lado
ela tem gestos e olhos
de um namorado.
Já não me concentro
no que mais importa
o teu cheiro invade
até a aorta.
Não sei mais lidar
com essa espera inútil
vivo em ficção real
nunca existirá final.
Na esperança
que essa trama
se reverta
que esse drama
finalmente
me esqueça.
Pierre Tenório
tudo o que amo
é a parte de mentira
desse não vou mais
portanto
trepar duas vezes
e pranto;
tudo o que quero
é a ideia livre
cada vez mais
distante
desse não ser
querendo
chupar o meu pau
amante.
tudo o que sonho
é ter pesadelos
e como suponho
te perder
sem medos
e nada mais
real;
comer o teu cu,
foi o melhor carnaval.
Pierre Tenório
sexta-feira, 6 de março de 2015
o vento bate
forte na cara
cheio de tara
não tem dó
de mim.
viro a outra face
tiro a roupa toda
fico sem disfarce
me entrego louca.
o vento me espanca
deixando cicatrizes
curadas.
penetra meus poros
expande meus sonhos
apaga vestígios
de casos antigos
atrasos.
o vento furioso
me arranca os cabelos
me morde com beijos
como quem
tudo pode;
sem medo
o vento me fode.
Pierre Tenório
Pierre Tenório
sábado, 28 de fevereiro de 2015
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
domingo, 15 de fevereiro de 2015
domingo, 8 de fevereiro de 2015
CHUPA O MEU PAU
SEU IDIOTA
EU SEI QUE VOCÊ QUER
COMO ME MANDAS
as lágrimas não doem mais
COME ESSE ANAL
TIRANDO FOTOS
SEM POESIA
BEM BACANA
ANITA
BANANA
TE DESCASCA ;
SELFIES
LAMBE MEU DINHEIRO
TE COMPRO
COMPRO
COMO
CIGARROS
SEI QUE VOCÊ QUER
QUE EU FODA O SEU CUZINHO
COMO UM FUNK
AMERICANO
MAL RIMADO
UM
BAILE
IN DECIFRADO
EMBRIAGADO
UMA BIXA MACONHEIRA
E SEM SENTIDO
FODE MEU CUZINHO
FILHO DA PUTA
SOBREVIVA;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
Pierre Tenório
sábado, 7 de fevereiro de 2015
sábado, 31 de janeiro de 2015
terça-feira, 27 de janeiro de 2015
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
Quando raramente
falas
minha boca
rebelde
se exalta
estaticamente
calada
ao ouvir
pensamentos
guardados
que não
exprimem
quase
nada
do que os olhos gritam.
Quando
se despedes
de mim
me sinto
uma ave
presa
em queda
livre
à delicadeza
das tuas distancias.
Quando
teu abraço
meu corpo
atinge
descontrolado
esqueço
meus atos
te amando
alado
do quintal de casa
até outra galaxia;
Pierre Tenório
domingo, 25 de janeiro de 2015
os dedos anseiam; desculpem-me todos
os leitores ou não
cinco, dez dedos me roubam
as palavras que
(desdenho)
retiro as maquiagens do corpo inteiro
e apagadas elas fluem num espaço de tempo
cuja cor é removedora
e a puta que me pariu;
bebo todas as águas
e volto
encontrando
cadáveres de mim;
mastigo
meus dedos
pois
não posso mais escrever;
(que mentira)
expiro presenças
esqueço o passado
não penso
não
me importa mais
não me importa
mais não
me importo
mais
quero mais me
importar
transportar
não quero mais
nada.
nem histórias de amor
nem negócios
nem princípios
nem finais
nem recomeços
não quero mais
maconha
nem quero mais
viver nessa coisa de busca
por tudo
que não me faz
infeliz;
imagino
enquanto meus olhos fechados
veem aqueles dilemas que rimam
poemas
penso em nada que passei
e desejo lágrimas
em cada verso útil
todos os corpos do mundo
fiéis
leais;
como mandam-nos ser.
estou em fase
obediente
(mas ninguém nos reconhece)
e ainda
nos obrigam a morrer calados
Pierre Tenório
sábado, 24 de janeiro de 2015
acoitaram-me
indolor e
sem cicatrizes.
tornaram-me
incolor e
cem diretrizes
me ofertaram
os oráculos;
em nenhuma delas
aceitaram meu
espetáculo.
não quero sobreviver
à sombra da
minha sombra
esconderijo tal qual
exponho sem réstias
meu corpo
já morto;
não quero matar
sobretudo
quem odeio
se me obriga
quem amo
a arrancar dos
calcanhares
as correntes
que eu mesmo
prendi.
me deixem trabalhar
pois
acabo de ler
mais uma cédula
em branco;
carnaval de confete
e silêncio.
Pierre Tenório
quarta-feira, 21 de janeiro de 2015
terça-feira, 20 de janeiro de 2015
domingo, 18 de janeiro de 2015
quero chorar
até as lágrimas lavarem todo chão do inferno
astral da minha alma
esvaziarei arestas, becos, cantos e prantos
dessa chuva ácida sob nossas peles,
até que elas fiquem leves
e voem
como catarse
piolhos,
só assim poderemos voar
com asas de tsuru;
quero chupar o sangue das muriçocas
dessa cidadela,
voar voar
como os vampiros
mudam de planeta e
só assim poderemos;
quero cortar os pés
pela raiz, para rastejar aos teus
pés esvoaçantes,
pois tudo o que quero
é querer mais,
saber como é morrer
sem que me digam que estou;
não confessarei os meus pecados,
quero trafegar sobre os quereres
de ninguém mais, esse é o nome dele,
e aprender
a
digitar um texto corrido sem pudores
ou edições;
queimarei as tuas provas
na fogueira das
profundezas
que não aprendo
a professar.
Pierre Tenório
sábado, 17 de janeiro de 2015
segunda-feira, 12 de janeiro de 2015
eu sou as almas penadas
que em nome de Deus
morrem
atormentadas
pelos próprios 'fieis'
que se julgam tão Seus;
eu sou as almas escuras
assombradas
e esquecidas
pelo chão
de suas vidas;
sou as almas das crianças,
das mocinhas e rapazes,
dos avôs, avós,
famílias,
também das donas dos lares;
sou a trava da arma
sou o sangue petróleo
sou a parte do olho
que fabrica as lágrimas
de amor pelo outro.
sou a pequenez
de um deus grande
e invisível;
sou os sentidos
de humanos
sem sentido
e depois me dizem
que o diabo
que é terrível.
Pierre Tenório.
sábado, 10 de janeiro de 2015
terça-feira, 6 de janeiro de 2015
todo mundo tá conectado
as circunstâncias
dos outros;
todo mundo se sente
afetado, pelo brilho
do ouro.
todo mundo é
reminiscente
na total ausência;
todo mundo quer
sentir profundo
as incandescências.
todos e tudos
e tudos não sãos,
sagacidade na
imperfeição;
todos são tudo
e tudo não é,
muita ou pouca
ausência de fé.
cheiura de árbitros
Pierre Tenório
ditarei as palavras
que quero ouvir
para cem mil pessoas
o farei repetir
que não gostas de mim
para minha tortura
e sorriso sem cura.
pelo fim dos poemas sem fim
que só falam na primeira pessoa
que não deixo seguir;
a voz ainda soa
ventríloqua
em mim.
pelos nossos finais
nas circunstâncias
oscilo
entre
fatos irrevogáveis,
te obrigarei a
engolir as merdas
que mastigas nas andanças
sem destino
me obrigarei ao silêncio
da tua destreza
ao fugires dos meus
caminhos.
quero que enojes
a minha presença
insustentável
amavelmente
odiável
vomitarei teu nome e
te amputarei dos meus esforços
como uma luva
sem mão
arrancando do corpo
das tripas ao
esquerdo tendão.
arrancarei as pedras
preciosas
dos colares
sem valor,
enforcarei
cada pescoço
que ousar mentir
enquanto eu mesmo
solitário
morrerei
de rir.
comerei esses poemas, meu amor.
Pierre Tenório
Poucas vezes me emocionam os próprios poemas,
espécie de auto-clemência em extinção,
o conhecer-se extingue ao ler os próprios poemas.
No dia seguinte debocho e desmancho
absorvendo as faunas e floras
faunos, cavalos e tigres
nos poucos poemas se sinta mais livre
soltando as amarras dos olhos
gigantes cortados ao meio
pela lança do desespero.
incorpore os próprios poemas
fujam de nós desatentos
desvelo em minha alma
segredo
a reza do sétimo pecado
nos reflexos de lúcifer.
não exato
um improviso mal elaborado
recortes sem nome
dos próprios poemas.
uma carreira sem queda.
Pierre Tenório
segunda-feira, 5 de janeiro de 2015
Para todo mundo
sou como um Rei
mas, para você
sou só mais um
gay
que distrai os olhos
de bobos sem corte.
Não sou como tu, Conde
que de manhã
espera a fome
para devorar
qualquer homem
atrás de muros
sem castelos.
Não hei de abdicar
a tristeza deste trono
onde a força do império
é não realizar sonhos;
quem dera te-lo
como membro real.
Pierre Tenório