é quase hora de dormir
e a garota bêbada 
fecha todas as portas
meio cansada de tudo
ajeita a cortina da janela 
para caso a luz divina 
ouse buscá-la pela fresta;
ela olha sentada na cama 
para as capas dos livros que já leu
acende algumas vezes o isqueiro 
apaga a luz e arregala os olhos
aperta as teclas do telefone
incomodada com a luminosidade
ela gosta mesmo é do silêncio 
aceso
das frases desconexas
que pairam pelo pensamento,
pensa até em arranjar um emprego
sente o cheiro das cédulas 
e decide gastar todo tempo
fazendo tempestades
em copos de álcool;
não há hora pra acordar 
quanto mais se sonha.
Pierre Tenório
 
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