segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

ando ocupando os meus espaços
públicos e pubianos
navegando pelo sangue
ainda não derramado
permeando entre
a positividade e o convívio
desenterrando a poeira
dos corpos imóveis
entrando
pareço assustador
há tanto pra ocultar
que desisto
e como as plantas
silencio em terra firme.

Pierre Tenório

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Encimento janelas enquanto dormes
e me procuro nos tijolos

estou entre um espaço e outro
acinzentado
onde nem o sol em peixes
é capaz de iluminar

Não ouço
mas, minhas orelhas continuam em pé

a música me engana
e a poesia me engana
os objetos me enganam
e as pessoas também

você para quem escrevo
não consegue nem acordar.

há imensidões no reflexo escuro

Pierre Tenório





sábado, 17 de fevereiro de 2018

Intensão

A ilusão do bom dia
se aparenta muito
com a do adeus.
Fui dormir às cinco
pensando que eram 21:30
5:40 acordo entre
duas paredes distantes;
esvazio o pen drive e
tento dormir
entre
umas música e outra
acordo ao bom dia
de ontem entre o adeus
e o nunca mais
entretanto
Urubus devoram palidamente
cada artéria da viagem
do caminho
o acervo desencontro.

Deslumbrante
sigo adiante...
Pierre Tenório

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

na noite ensolarada

O cara da maconha não atende
Meu pó já escorre pelo rosto
Cheirei todo loló da vizinha
Geladeira vazia por completo
Acordo e não durmo o dia todo
O celular está descarregado
Percebo que ainda é quarta feira
E o meu relógio está bem atrasado
Corro sozinha em casa nua
Encontro as cartas do baralho
Os deuses partiram para a festa
Dormir é o pouco que me resta
A dolinha por fim veio matada
Enterramos o avô da minha amiga
O Cel tá voltando a bateria
Bebo toda água da torneira
Dígito algum nome na memória
Me deparo com a cama de bobeira
Degusto a última cerveja
Pinto poemas coloridos

E continuo aqui sem você.

Pierre Tenório

domingo, 11 de fevereiro de 2018

UMA SEMANA

pode me culpar
através da sua inocência

pode me amar
através do seu ódio

pode me falar
através do seu grito

pode me acordar
através do seu sono

pode me arrancar
da tua pele a ferida

podes me deixar
se quiseres, querida

só não me mates
através da sua vida;
só me procure
entre as almas perdidas.

(domingos sempre serão mais longos)

Pierre Tenório

sábado, 10 de fevereiro de 2018

O mundo viajou na maionese .
Ficamos eu  e ela na cidade

Somente eu e ela na cidade
Sozinhos como pássaros trancados

Eu pensava nela na janela
Ela ocupada não me via

Pensei que ela estava sozinha
Mas deixa que estava aprisionada

Eu pensava nela na janela
Ela de longe me penetrava

Perdi-me a procurar bela donzela
Pois que pela mãe foi enclaurusada

Pensei que só existisse nas histórias
Onde o principe ia liberta-las

Cantei para ela na janela
Sem saber se ela me esperava;

Ela não gosta de poesia
Nem de carnaval.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

estava eu distraído no teto de casa fumando um longo cigarro de erva prensada, quando de repente, avisto dois cães trepando no meio da encruzilhada, a cadela grunia de prazer enquanto o cão fazia movimentos repetitivos sem pena quase humanamente
segurando os ombros dela
a cachorra permitiu tudo em pleno carnaval silencioso da madrugada da minha rua.
O poste de luz amarela finalmente funcionou.
foi a cena mais romântica que presenciei em toda minha vida até logo

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Poeminha Vácuo

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domingo, 4 de fevereiro de 2018

Os cães transam
na rua inteira iluminada
pelo poste amarelo
Sob a luz santa, canta e algum rabo ao lado se senta no cacto
seco de espinhos
Ela finge se levantar sobre um cacto espinhoso seco
falando espinhos
A terra vibra no momento e eu indico o dedo para a estrela que brilha na veia;
células cadentes se espelham no momento incerto
Algumas pessoas não conseguiram escrever nem tampouco escapar
O sangue que escorre do meu pau é sinônimo que vocês me perturbam.
Perguntas
Penetro os olhos nas letras do teclado do celular e as palavras não passam de apresentações
Me desapresento
não escrevo para ti
Escorro a gala do teu nariz
sob as montanhas das paisagens que percorro sem céu o espirro das formigas
Me preocupo mais com as palavras que nunca estiveram à tua vista
Me desprezo demais por causa de você
Me encanto demais pela tua ausência

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Quase nunca me lembro dela, vou pros lugares e todo mundo é parecido com ela
Faço de conta que não a esqueci
e ela escreve no pensamento o nome na ferida que não existe no meu braço
Das poucas vezes que lembro dela
é como se a Madonna lançasse um disco
e eu fizesse uma tatuagem nova
da década de oitenta
Ela toca percussão e violão de uma vez só e se pudesse a colocaria no altar de todas as artes marciais, marcianas, mas é demais como ainda penso nela
e penso
E como ela me toca distante e desvia o olhar descolado e amante das obras secundárias e terciárias
também do trabalho escravo da arte cotidiana que os dias nos dão hoje, amém
Ela também é fã de obras primas
"bela bela mais que bela"
quem é ela? 
quem sou ela?
Misturo as bebidas e volto pra casa bêbada e ela me deixa.
Ela me deixa na porta de casa e em paz.
Não se cale, pois as coisas sempre pedirão e implorarao para você provar alguma coisa.
Ela não me pede pra provar
nada.

Pierre Tenório