sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Quase nunca me lembro dela, vou pros lugares e todo mundo é parecido com ela
Faço de conta que não a esqueci
e ela escreve no pensamento o nome na ferida que não existe no meu braço
Das poucas vezes que lembro dela
é como se a Madonna lançasse um disco
e eu fizesse uma tatuagem nova
da década de oitenta
Ela toca percussão e violão de uma vez só e se pudesse a colocaria no altar de todas as artes marciais, marcianas, mas é demais como ainda penso nela
e penso
E como ela me toca distante e desvia o olhar descolado e amante das obras secundárias e terciárias
também do trabalho escravo da arte cotidiana que os dias nos dão hoje, amém
Ela também é fã de obras primas
"bela bela mais que bela"
quem é ela? 
quem sou ela?
Misturo as bebidas e volto pra casa bêbada e ela me deixa.
Ela me deixa na porta de casa e em paz.
Não se cale, pois as coisas sempre pedirão e implorarao para você provar alguma coisa.
Ela não me pede pra provar
nada.

Pierre Tenório

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