quinta-feira, 23 de julho de 2015

REFLEXO SEM ESPELHO

Sempre tão cedo
para os dedos
tocarem tanto
esses desejos

do corpo ausente
cheio de pelos e lacunas;

Criados mudos
e travesseiros
chuva de lágrimas
sem pesadelos

sonhando em tempos
de desespero e afinidades;

Os dias passam
em horas lentas
não há trabalho
nem evidências
de que a sorte
mudou de clima
não mais o vejo
tudo é neblina e
o chão está seco;

A menina
atravessa a rua
de mãos dadas
enquanto passo
fingindo sempre
que vejo tudo.

Pierre Tenório

Nenhum comentário: