REFLEXO SEM ESPELHO
Sempre tão cedo
para os dedos 
tocarem tanto
esses desejos
do corpo ausente
cheio de pelos e lacunas;
Criados mudos 
e travesseiros
chuva de lágrimas
sem pesadelos 
sonhando em tempos
de desespero e afinidades;
Os dias passam 
em horas lentas
não há trabalho
nem evidências 
de que a sorte 
mudou de clima
não mais o vejo
tudo é neblina e
o chão está seco;
A menina 
atravessa a rua
de mãos dadas 
enquanto passo 
fingindo sempre
que vejo tudo.
Pierre Tenório
 
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