quarta-feira, 8 de julho de 2015

POEMA INTERMINÁVEL
as paredes me convocam
me convocam
pareceres
como sempre
engulo
tudo
como
sempre
tudo.
estão batendo ampulhetas
na nossa
cara, por favor
devolve meu carinho
devolve meu cheiro
meu jeito
pode ficar
desculpa, mas não dá
pra te encontrar
alguma coisa em mim
dói muito
quando deito
tantos quantos
reais
me mostram a bunda
e eu mostro a bunda pra você
abro todas as janelas e
me faço
parecer outras pessoas
pra te encontrar em outros
fernandos,
sua louca
não te leio e quando
fico de pau duro
sempre que você
pensa em me dar
boa noite ou
uma dura,
te adoro
te deduro
para dentro;
o meu pensamento
é morte;
sai de perto
espelhos não respondem
os comandos
dos meus nervos
erros
desmandando
mandos
balançando bandeiras
pedalando escadas
circulando
de uma hora pra outra
fico doente
e morro no parto
carente, amo
em traços de
tatuagem mal feita
me deito
deleito
granito.
gratuito,
grão
de deserto
olho miragens
tantos
disfarces
permito que algemas
sereias
se afoguem
em algumas
pérolas.
expulso todos da sala
de estar
jogos
jantar
lugares
lugar
quebro taças
vazias de você
acelero
nos quilômetros
voando com as tuas asas,
rasgo meus diplomas
sugo tua alma,
amor.
peço as deusas
que me tragam
os teus dedos
numa bandeja
de ovos quebrados.
vou aos médicos
descubro
doenças de mentira
remédios, chocolates
psicopatias
esqueço a lógica,
sou a garota negra
do tempo que passa
meteoros.
totalmente sozinha
como as letras de um jornal
antigo, me proponho
rodar
caixinha de música
ouvindo vozes
me dizerem
se estou boa ou
ruim,
mar
fim.
recomeço
de enfins
já não tenho
paciência
peço que não me escute
nem me leia,
peço que se convença
o ódio é para todos e vai além.
sempre que te leio
nunca te vejo
preciso te ser, dentro.
esses dias presenciei
alguém bem no meio
de nós
tão bonito, colorido, rico,
tão legal
tão cinema, ecologia,
tão sarcástico
tão horrível
previsível
quanto quem estava obrigatoriamente
cortando aquela árvore;
não intervenho
vinho
venha
poesia;
morro como as coisas morrem
em alguma hora.
longe mesmo
longe
te distraio e tudo mais
exaustivo
te perturbo de novo
e logo
vou com tudo
repondo as sementes do jardim.
consigo falar do teu sorriso
último
póstumo.
rio
do passado inconsequente
choro do presente.
penso em me jogar da janela
do térreo,
me empurram para cima
e eu subo
caio
sem saber mesmo
onde
no sítio do pica pau
descamado
visconde.
cortaram mais uma árvore
amarrada naquele poste
imagina
se um coração quebra
eu posto
e tu compartilha
mesmo que seja ou não
choro e tu nem te ligas pra mim.
o telefone é a única coisa
que não me toca.
recita um poema?
por favor,
preciso ser enganado.

Pierre Tenório





















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