sexta-feira, 17 de julho de 2015

ontem mesmo, fiz questão
de transar com um assassino

ele sabia como
tocar as minhas mãos

ele sabia o quanto
eu pudia ser letal

sobre suas veias
de quase menino jesus;

pedi para que me matasse
e olhos nos olhos roubou

algumas palavras da boca
tirando do bolso uma faca

rasgando o próprio peito
arrancando o coração.

calado me fez um pedido
para que eu comesse

empurrou-me inteiro a boca
o gosto não era bom

mas, afinal de contas
estávamos nos nascendo

de tanto que não parávamos
de jogar conversa,

eu já não tinha paladar

confessou muitos segredos
despertando meu desejo

de estar em sua memória
como tatuagem de chiclete

não houve sequer violência
nem penetração.

Pierre Tenório





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