PROFESSOR
quero chorar
até as lágrimas lavarem todo chão do inferno
astral da minha alma
esvaziarei arestas, becos, cantos e prantos
dessa chuva ácida sob nossas peles,
até que elas fiquem leves
e voem
como catarse
piolhos,
só assim poderemos voar
com asas de tsuru;
quero chupar o sangue das muriçocas
dessa cidadela,
voar voar
como os vampiros
mudam de planeta e
só assim poderemos;
quero cortar os pés
pela raiz, para rastejar aos teus
pés esvoaçantes,
pois tudo o que quero
é querer mais,
saber como é morrer
sem que me digam que estou;
não confessarei os meus pecados,
quero trafegar sobre os quereres
de ninguém mais, esse é o nome dele,
e aprender
a
digitar um texto corrido sem pudores
ou edições;
queimarei as tuas provas
na fogueira das
profundezas
que não aprendo
a professar.
Pierre Tenório
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