domingo, 18 de janeiro de 2015

PROFESSOR

quero chorar
até as lágrimas lavarem todo chão do inferno
astral da minha alma

esvaziarei arestas, becos, cantos e prantos
dessa chuva ácida sob nossas peles,
até que elas fiquem leves
e voem

como catarse
piolhos,

só assim poderemos voar
com asas de tsuru;

quero chupar o sangue das muriçocas
dessa cidadela,
voar voar

como os vampiros
mudam de planeta e

só assim poderemos;

quero cortar os pés
pela raiz, para rastejar aos teus

pés esvoaçantes,

pois tudo o que quero
é querer mais,

saber como é morrer
sem que me digam que estou;

não confessarei os meus pecados,

quero trafegar sobre os quereres
de ninguém mais, esse é o nome dele,

e aprender

a

digitar um texto corrido sem pudores
ou edições;

queimarei as tuas provas

na fogueira das
profundezas

que não aprendo

a professar.




Pierre Tenório









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