ENSAIO 1
os dedos anseiam; desculpem-me todos
os leitores ou não
cinco, dez dedos me roubam
as palavras que
(desdenho)
retiro as maquiagens do corpo inteiro
e apagadas elas fluem num espaço de tempo
cuja cor é removedora
e a puta que me pariu;
bebo todas as águas
e volto
encontrando
cadáveres de mim;
mastigo
meus dedos
pois
não posso mais escrever;
(que mentira)
expiro presenças
esqueço o passado
não penso
não
me importa mais
não me importa
mais não
me importo
mais
quero mais me
importar
transportar
não quero mais
nada.
nem histórias de amor
nem negócios
nem princípios
nem finais
nem recomeços
não quero mais
maconha
nem quero mais
viver nessa coisa de busca
por tudo
que não me faz
infeliz;
imagino
enquanto meus olhos fechados
veem aqueles dilemas que rimam
poemas
penso em nada que passei
e desejo lágrimas
em cada verso útil
todos os corpos do mundo
fiéis
leais;
como mandam-nos ser.
estou em fase
obediente
(mas ninguém nos reconhece)
e ainda
nos obrigam a morrer calados
Pierre Tenório
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