GAIOLAS
ditarei as palavras
que quero ouvir
para cem mil pessoas
o farei repetir
que não gostas de mim
para minha tortura
e sorriso sem cura.
pelo fim dos poemas sem fim
que só falam na primeira pessoa
que não deixo seguir;
a voz ainda soa
ventríloqua
em mim.
pelos nossos finais
nas circunstâncias
oscilo
entre
fatos irrevogáveis,
te obrigarei a
engolir as merdas
que mastigas nas andanças
sem destino
me obrigarei ao silêncio
da tua destreza
ao fugires dos meus
caminhos.
quero que enojes
a minha presença
insustentável
amavelmente
odiável
vomitarei teu nome e
te amputarei dos meus esforços
como uma luva
sem mão
arrancando do corpo
das tripas ao
esquerdo tendão.
arrancarei as pedras
preciosas
dos colares
sem valor,
enforcarei
cada pescoço
que ousar mentir
enquanto eu mesmo
solitário
morrerei
de rir.
comerei esses poemas, meu amor.
Pierre Tenório
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