terça-feira, 6 de janeiro de 2015

GAIOLAS

ditarei as palavras
que quero ouvir

para cem mil pessoas
o farei repetir
que não gostas de mim

para minha tortura
e sorriso sem cura.

pelo fim dos poemas sem fim
que só falam na primeira pessoa
que não deixo seguir;

a voz ainda soa
ventríloqua

em mim.

pelos nossos finais
nas circunstâncias
oscilo

entre
fatos irrevogáveis,
te obrigarei a
engolir as merdas
que mastigas nas andanças
sem destino

me obrigarei ao silêncio
da tua destreza
ao fugires dos meus
caminhos.

quero que enojes
a minha presença
insustentável

amavelmente
odiável

vomitarei teu nome e


te amputarei dos meus esforços
como uma luva
sem mão

arrancando do corpo

das tripas ao
esquerdo tendão.

arrancarei as pedras
preciosas
dos colares

sem valor,

enforcarei
cada pescoço
que ousar mentir

enquanto eu mesmo
solitário
morrerei

de rir.

comerei esses poemas, meu amor.




Pierre Tenório

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