domingo, 1 de novembro de 2015

DO SANGUE QUE ESCORRE

descanso sem fome
comi toda vida
na noite de ontem

por um só momento
me desconstruí

achei que não era
capaz de fingir

invadindo os fins;

de dentro para fora
há de chegar tua hora

e o fogo tomará conta.

nem sei se estou morta
só quero tomar pra mim
qualquer juventude rubra

no vão das mentes espertas
há sempre uma porta aberta

terei que ficar por fora
transmutando las piedras
em desumanas obras

está nos pingos das velas
está nas gotas de esperma
está no fio da veia

também no medo das tintas
que escorrem lente às telas

estarão profundamente
os buracos dos olhos

aterrorizando o amor.

Pierre Tenório




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