AFOGADO
queria sair correndo
pro longo abismo que crio
a cada passo que deixo
nas profundezas de mim
me desmanchar no caminho da queda
engolir objetos que nunca digiro;
vomitando pedaços e
desatando os laços
do meu vestidinho
pra morrer bem nua
na tua.
queria seguir os caminhos
que insistes despistar
comer alpiste em gaiolas
pra poder me libertar
e ser cozido a lenha
em fogões sem bocas falantes;
podemos ser nosso prato
principalmente quando
ainda estivermos vivos
aos prantos embriagados
com o doce sangue de Cristo;
brincaremos com as hóstias
derramaremos vinho
vamos fazer no altar
o amor de Deus ser real
daí
iremos direto pro inferno
queimar todas as verdades
afinal de contas
você sempre ri de mim
e dessas minhas blasfêmias
quando adentramos a igreja
pra fotografar os santos;
- você precisa sempre postar todos os momentos?
vestimos tudo que é de mentira
e o mundo há de nos despir
sempre
pois no fundo
a queda é sempre rasa
sentiremos ou não
os nadas.
Pierre Tenório
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