depois de uma longa semana de pesadelos, no silêncio que me punha 
pude ouvir cada nota fora do tom que a música pedia nos ensaios,
aquilo martelava como as cordas de um piano.
distante das geografias do teu corpo, escalei montanhas de lama
à procura de lugares seguros pra descansar o juízo que condena 
diariamente nossos atos.
e enquanto o ouvido já pensante construía tudo que queria, 
insistindo em não ouvir o desprezo que desafina os olhos, 
a boca solfejava uma melodia que quase implorava por acordes:  
-meu bem, é preciso aceitar o fado
de amar e se amar sem ser escravo. 
Pierre Tenório
 
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