sábado, 22 de agosto de 2015

ASA DELTA

parem comigo, não suporto meus sonhos,
o peso das armas corta-me os punhos;
mal consigo apanhar as retinas
na pia do banheiro e nada mais me importa
pois minhas malas foram postas
bem dentro de mim, não responda

permaneço cega.

me calem as cores, ventanias e cristo
só não o cu
pois tanto quanto cago, as bostas nossas
velhas, novas, idiotas, cheiram bem em costas
ricas memórias, meu abraço, coração,
asas das costas que arranco

voos em longos térreos.

cortem-me as pernas, não os precipícios;
façam que eu caia do mais alto abismo
possíveis razões de viver
por mais bêbada que estejas
nunca deixarias pistas ao redor

da mesa .

quando me deixares pensando
fugindo das cordas andando
desequilibradamente;
sonharei todos os dias
o mesmo sonho; você
em livre queda presa.

Pierre Tenório

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