domingo, 30 de dezembro de 2018
sexta-feira, 28 de dezembro de 2018
quinta-feira, 27 de dezembro de 2018
é pra minha ex
um presente
no passado
minha ex não é minha
nunca foi
mesmo antes
de perder a vez
eu dizia que amava
e não era de mentira
e mesmo que fosse
o amor é bom
mesmo de mentira
eu não quero voltar
só quis deixar essa mensagem
tatuada no papel
peço a compreensão
do meu namorado
este poema também
é teu, amor
pra quando você
se transformar
no meu ex
o futuro é assim.
(Pierre Tenório)
quarta-feira, 26 de dezembro de 2018
olho o saldo
congelado
nada consta
pela conta
vendo a vista
me mascaro
a vergonha
desaponta
quando aparece
trabalho
pagam menos
do que valho
faço tudo
me entrego
de flor em flor
despetalo
fardo em pétalas
carrego
canto, declamo
me calo
confesso
não sou barato
conversando
solto o verbo
não sou bom
negociante
tô mais pra lá
que amante
receber
só quando rezo
o calor
não me excita
e rio mesmo
quando o clima
fica abaixo
abaixo de zero.
(Pierre Tenório)
terça-feira, 25 de dezembro de 2018
segunda-feira, 24 de dezembro de 2018
o sol acordou comigo
mostrando algo bonito
que distante parecia
perto do pé do ouvido
aquebrantando o silêncio
veio pra lumiar
sua voz tão ardente
tudo sabia falar
tocando o pensamento
rememorando momentos
disse que estava cansado
da escuridão do espaço
e que queria meu corpo
pra incinerar com abraços
até fazer parte dele
e não desaparecesse.
(Pierre Tenório)
domingo, 23 de dezembro de 2018
quando li a frase satan te ama na camiseta da cantora ruim
relevei as agressões aos meus ouvidos na festa só tinha
gente chata mandando a gente morrer de mãos dadas a bebida
tão cara que não consegui mais de três coquetéis quentes
e o calor só aumentava quando me abraçavam forte com aqueles
perfumes horrorosos a comida estragada que ninguém comia e
todo mundo se deliciando com o nariz entupido de cocaína
e vestidos longos brancos acompanhados de camisas de mangas
compridas brancas pra lá e pra cá bombardeando uns aos outros
antes da meia noite procurei uma saída
(Pierre Tenório)
sexta-feira, 21 de dezembro de 2018
você acende a ponta
do palito de fósforo
e antes que ele queime
a cabeça dos dedos
você aponta à mim
e antes que a chama
queime os meus cabelos
você me chama e canta
nossa última música
é a primeira dança
enquanto queimo só
você coloca os fones
admirando o fogo
escreve nossos nomes
enquanto queimava eu sorria;
bjork cantando travessia.
(Pierre Tenório)
quinta-feira, 20 de dezembro de 2018
quarta-feira, 19 de dezembro de 2018
sábado, 15 de dezembro de 2018
sexta-feira, 14 de dezembro de 2018
quinta-feira, 13 de dezembro de 2018
quarta-feira, 12 de dezembro de 2018
por incrível que pareço elas começam fazendo
carinho na minha cabeça e descendo pelas costas
depois baixam a cueca e o nível da conversa
amam uma possível coragem que lhes falta de ser
ou parecer o que acham e criam sobre outrem
ainda com certezas e muita subjetividade
fingem bem amar o que nunca ousaram
sentir, como respirar um ser humano
se você não respeita uma obra de arte
como tudo em questão
que se escreve pra reconhecer-se em algures
tenho colhido palavras afora
dividido entre pôr do sol as coisas em prática
ou ser algo deslumbrante mente apagada aos poucos
desmemoriada que se diga também
não tenho usado metade dessas palavras
(um tanto isso, um tanto iça)
subvoante
(Pierre Tenório)
Uma andorinha só não faz verão
Pra sobreviver nesse mundo chei de ladrão
Um minuto é muito tempo quando se cala
Essa fase conturbada não se sabe quando vai passar
Vou pensar, já passou
Se passou, se fodeu
quer saber onde é que você se meteu?
vivendo perdida nesse planeta brasil
presidente da revolta
quase a puta que pariu /
trabalho pra caralho
Não me sobra um centavo
Cada baga que eu fumo
Vale mais que um soldado
da policia da milícia
da verdade fictícia
do cinema da novela
de quem mata eu ou ela
na esquina, na chacina
cocaína na menina
heroína toda rima
pro mundo que nos ensina
nos estupra, tortura,
camufla, aluga
Não quero teu físico
Fumo natura
no meio da rua
não sou tua puta, desponta
desponha
não sou tua bixa, te lixa
te mata, te bruxa, te broxa
Caralho de bosta
Seus Macho de bosta
Karai tu me broxa
bolsonaro broxa
não encosta, não encosta
sexta-feira, 7 de dezembro de 2018
primeiro digo
que não sinto
saudade e não irei
só suficiente para
alimentar a lembrança
da ultima vez que
te vi e me deu
vontade de entrar
na parede e amo
tanto imaginar
tudo em particular
quando as rimas todas
eram ar
e os nossos pulmões
viviam vazios
você cantando por trás
da minha quase voz
assim mesmo pesado
também desafinado era
a coisa mais bonita
que existia fora
de órbita,
e ainda
eu tentando chegar
enquanto você debulhava
todos os tons da música
errada na hora
exata das micro
fonias tuas nuas
vozes, enquanto eu ria
dentro do esconderijo
eu olhava pra tu
olhando pra mim
devorando
minhas mãos nos cabelos
na verdade, gosto mais de lembrar
das coisas que você nunca fez comigo.
assim existimos mais
(Pierre Tenório)
quarta-feira, 5 de dezembro de 2018
e esquece os problemas.
depois tem aula
e de vez em quando vem
declamar-se
diz que vai pra são paulo
a procura de amor
trabalho
e sorte
diz que lá tem tudo
que preciso
eu te digo:
quando precisar
ligue pra mim
e nada vai adiantar
o que vais encontrar
será férias.
(Pierre Tenório)
na laje com Roberto poeta
quinta-feira, 29 de novembro de 2018
houve um tempo
em que procurei
cédulas pelo chão
por nunca ter visto poemas
brotarem com paixão;
hoje o tempo é
pra se lavar os pés
de sangue pelos chãos
o mesmo chão que morremos
nos sujamos com as mãos;
não seja mais uma morte
fazendo o papel da sorte
ávida sai de cena
e que todo problema
se transborde em poemas;
todo dia nasce um poeta
afinal de contas.
(Pierre Tenório)
terça-feira, 27 de novembro de 2018
segunda-feira, 26 de novembro de 2018
domingo, 25 de novembro de 2018
foi despedaçando
o assento se desfez
as linhas se desentrelaçaram
fios de plástico
amor pra sempre
ultra raios
da cadeira que se desfaz
cansada de estar sentada
o tempo inteiro
a foto
que existe
entre os dedos, um cigarrinho
uma lembrança
suspiros
que não existem mais
quebraram-se
e habitam aqui, nos meus seios
em silêncio estou só isto
transitando entre feitiços.
Pierre Tenório
domingo, 11 de novembro de 2018
terça-feira, 6 de novembro de 2018
terça-feira, 23 de outubro de 2018
entre os lugares
e é pouca
o rio, riso
as margens podres de vazio
o que é ouvido e dito
o que é orelha e boca
por mais que estejamos
mergulhados na cadeira do outro
lado da mesa, são os braços
que afagam o si
onde mãos não tem papel
que as disfarce
exalam ardor além
das retinas
entre um afago
e o afasto.
Manifesto lágrimas correntes
motivos banais para amá-lo
Coisa de pulga
atrás do cachorro
inteiro.
(Pierre Tenório)
sexta-feira, 19 de outubro de 2018
sábado, 13 de outubro de 2018
Uso bem as palavras da tua língua
pra entender o meu próprio dialeto
Me refresco em mergulhos nos teus olhos
mesmo quando tudo parece deserto
Tua fala que distante me escuta
paralisa no instante que o leio
Já não sinto o poder do eu sozinho
só me entrego à esses sentimentos ledos
Minhas pernas passeando por tuas pernas
mesmo que por diferentes caminhos
A pelugem afagando os pensamentos
a miragem despedaçada em silêncio
Momentos que nunca serão vividos
mas, para sempre ficarão descritos.
(Pierre Tenório)
quinta-feira, 11 de outubro de 2018
que quando eu vou embora
seu coração
não é só meu
e essa certeza implora
pra que eu seja burro
por nós dois
só que eu começo agora a perceber
esse furacão
que devora tudo e come
o horizonte
mesmo sem colher
mas a mulher
que amei até ontem
eu não sei mais
eu não sei mais quem é
eu não sei quem é
Antonio B
terça-feira, 9 de outubro de 2018
domingo, 30 de setembro de 2018
Não tenho um real no bolso da calça suja arremessada ao chão perto dos livros, o ventilador gira lentamente e não me lembro.
Só queria chegar até você
É domingo e sozinha como nos outros dias desmancho as bagas e se te amo distante sopro algumas palavras.
Passeando pela casa lembro que outubro é quase amanhã
Ontem eu quase te vi
Pierre Tenório
quarta-feira, 12 de setembro de 2018
BRUXARIA
quero ficar perto dele
arrancar fios de cabelo dele
amo o roçar da pele
cheirar do vento à epiderme
quero tudo dele amá-lo
chupar todo como falo
pra depois chutar pro lado
como pó, virado, alado.
Não basta ficar viciado
ter o homem como um diabo
perfumes esvaindo pela roupa
e a mãe gritando: "pra casa, tô rouca."
visto-me do último poema que renasce das minhas pernas e tuas mãos que não acordam nunca, permanecem inúteis,
(Pierre Tenório)
sexta-feira, 31 de agosto de 2018
O peixe e o touro
Há poeira
e chuva
Nesta contra
aliança
O peixe se dá na pesca
O touro na dança amansa
O touro vive afogado
O peixe morre na lança.
Eu ainda não sei como terminar este poema
(Pierre Tenório)
terça-feira, 28 de agosto de 2018
POEIRA
longas horas de escuta
os teus olhos desprovidos
rente aos meus desprevenidos
e as demoras foram curtas
vida que parece aquilo
mas, com muita calmaria
há lugar pra bicho grilo
cigarras em cantorias
uma nuvem de fogueira
luz ardendo em nosso corpo
o dia amanhecendo
você partindo de novo
eu bicho besta chorando
pedindo pra tu ficar
tu repetindo meu choro
mentindo que vai voltar.
(Pierre Tenório)
domingo, 26 de agosto de 2018
fez carinho
ao travesseiro
recebeu em troca
beijos
de cinema.
desligou o computador
e dormiu sem pensamentos
nem sonho
nem pesadelo
só poemas.
acordou molhada
e foi trabalhar
serviu as mesas
sem descansar
na mesma hora, exasperada
abriu a porta
de casa
e entregou-se ao mesmo
nada.
a música no pensamento era a única
outra
(Pierre Tenório)
Beija flores
sobre meu colchão
O vazio da rua sem saída
A pedra presa no corpo
de outra pedra
A mão tocando as costas
como Deus a sua obra
Ansia de comer tijolos
um sobre o outro, feito casa
A asa fincada na vértebra
o corpo despido de calma
Meu peso suportando o desprezo
desliza como semente
O reconhecimento do amor
engolido pela saliva.
Tudo escorre
(Pierre Tenório)
quarta-feira, 15 de agosto de 2018
Amor da gota
disseram que ando triste
à procura dos teus olhos
consigo ver-te em silêncio
lembrando tudo que posso
mas nada me faz feliz
como o olho do teu cu
que mesmo sendo lembrança
hei de levar como herança
teu corpo ao meu corpo nu.
queria bem te escrever algo profundo,
talvez impossível ou criar um mundo;
mas só posso ler teu riso de mim
teus cabelos desbotados da memória
(Pierre Tenório)
Uma saudade que não sei
o poema definitivo quase escrito
a palavra sem sílabas
a sílaba sem par
a letra desenhada pela mão
perto da ideia do não
sei
O poema termina quando desço
do ônibus e não te encontro
no meus recomeços
mandei cartas em aberto
e quando não esperava mais nada
você não me deu mais
nada
O poema não termina
como a gente.
(Pierre Tenório)
sábado, 11 de agosto de 2018
segunda-feira, 6 de agosto de 2018
A verdade é que não gosto que me olhem muito.
Não gosto que me olhem.
Na verdade, eu não gosto quando ficam me olhando.
E sabe qual é a mentira?
Minha verdade fictícia.
Eu não gosto que me olhem, mundo.
Não gosto mundo que me olhem mudo.
Não quero que fiquem me olhando com esses olhos mau olhados.
E nem ousem falar nada, melhor que fure os olhos.
E os abra.
Mas não me leia, pois não sou um poema público.
Não me olhem como se eu fosse surdo.
Estou me odiando e amando o espelho
estou contemplando os meus olhos vermelhos.
Pareço morto, mas
só estou
um tanto absorto. (Pierre Tenório)
sábado, 4 de agosto de 2018
Escrevo coração
por cima de coração
E te amei pra sempre
mesmo antes de tocar a caneta
ou apertar o play, é,
eu te amei
Melodias cravadas
pela ventania da tristeza
onde as doces harmonias
inexatas nos constrangem
e dissipam todo medo
dia a dia
Linha por linha do corte
o brilho que nos revestiu
e reveste a não sorte
O silencio escuro
do quadrilátero
o não sentimento de solidão.
Beberei minhas lágrimas
rasuradas.
Tento enfiar a linha
na agulha
o passado não presenteia
corações
não há sangue pelo chão
não tem mais fim
E nas linhas de escrever
teu ar respira em mim.
por cima de coração
E te amei pra sempre
mesmo antes de tocar a caneta
ou apertar o play, sim, querido
eu te amei.
Tento enfiar a linha
na agulha, mas, não enxergo
a direção e minhas mãos
não me respondem.
Deito-me em teu leito
e desforro a cama
sujo os lençóis
quebro os cds
rasgo as roupas
aumento o som
bebo a última gota
do que me resta
do meu sangue
uso todo teu perfume;
o passado não presenteia
corações
e terei que arrumar tudo
outra uma vez.
No silêncio obscuro
das nossas tristezas,
sempre estivemos mortos.
Que tua coragem
me abrace.
(Pierre Tenório)
terça-feira, 31 de julho de 2018
domingo, 29 de julho de 2018
Você sempre parece
(apesar deu estar com raiva de você)
e me confunde, mas logo passa
Ela parece a chuva quando para
parada em minha frente
molhada ainda
que nada
O que já eu
não vejo
em mim
Até parece, a solidão
do carro de som,
o bar quando ainda fechado,
a roda de coco aberta
e alguém pisando no meu pé,
e segurando meu pé,
não aguento
tanta zuada
Os olhos olhados demais
para saber onde está você não rexiste em riscar as palavras
(Pierre Tenório)
quinta-feira, 21 de junho de 2018
sábado, 16 de junho de 2018
quinta-feira, 14 de junho de 2018
sábado, 9 de junho de 2018
tu podes
embora meu corpo te
clame tua presença
e nem Jesus és tu
distante, marcado por
um parágrafo de facebook
ou sob uma história qualquer
foi ele teu corpo
que me matou
mais uma vez
destroço com
pesadelos de tudo
um pouco e milagres
eu não te amo
e te quero mais
por onde estou perdida
entre notas
musicais onde
estou?
sábado, 2 de junho de 2018
sinto teu espírito sangrar também
desde quando morri ao sair das tuas
pernas fechadas para mim;
acontece que quando foste
condenei-me a ir-se de todos
ao redor de todos
a chuva pairou sobre mim;
não há desertos por aqui
a primeira gota de lágrima
derramou-se junto a espera
lânguida de tua não volta para mim;
ontem encontrei meu primeiro amor
e novamente ele se foi
perdidamente como me irei
a procura de mim.
Pierre Tenório
sexta-feira, 1 de junho de 2018
quinta-feira, 31 de maio de 2018
terça-feira, 29 de maio de 2018
quinta-feira, 24 de maio de 2018
que todo mundo que encontrava
era o amor da sua vida
dispensou
todos os homens e mulheres
que atravessaram seu caminho
deixou todos eles
chuparem o seu pau
Rômulo queimou seu bigode com o isqueiro
quando acendeu o ultimo cigarro
do universo entre
a mão e a boca
os dois tem tudo em comum:
a displicência nos olhos
a falta de grana
o amor
e o excesso de amor
a falta que um faz
e a falta que o outro não faz
estarem vivos
estarem mortos.
A única coisa que os diferencia
e distancia
é que um usa telefone
e a outra não.
Pierre Tenório
sábado, 12 de maio de 2018
segunda-feira, 7 de maio de 2018
não desenhei os poemas
que perseguem meu passo
a passo
guardei guardanapos
sujos de esboços
declarações finas
em borras de café
me mantiveram acordado
a realidade mais uma vez
não bate na minha face
nenhuma resposta
nenhuma pergunta
uma frase que diz
outra
outro dia
que se volta
a flor
o raio de luz
e nego-me
noite branda
escrever detalhes à lua.
Pierre Tenório
terça-feira, 1 de maio de 2018
sábado, 28 de abril de 2018
letras nas paredes esboçavam algodão doce
camas, eram três camas com lençóis esfarrapados
eu pisei o chão do espaço sem querer deixar pedaços
tive que ficar ali por mais de uma semana
nem para o papel me entreguei para um papel
a escrivaninha se compôs ajoelhada
ao pé da chama minhas pernas deslizaram
e pelo teto estrelado em formato de balão o chiclete explodiu dentro do bolso do short
procurei a janela de saída
me perdi nos corredores de um bosque
onde as árvores despidas clamam máscaras
esqueci o nome no caderno
costurei minha boca com as linhas
na promessa de gritar rasgando os lábios
e entre as curvas dos planetas
fluir feito gametas
sangram.
Pierre Tenório
terça-feira, 17 de abril de 2018
sonhei que o caminhão do faustão
estacionou na minha horta e passou por cima
de alguns ramos recém plantados;
a casa própria ficou parada em frente
da casa onde moro
e eu mandei-os embora
guardei a foto da porta
e fechei os poros da face
fiz uma careta na frente do espelho
e todo mundo me entendeu
finalmente choquei os ovos
e daqui a pouco beberei sangue
colherei as frutas verdes
para saciar a fome
dos poetas
sem fome
e a sede
dos poetas
sem nome
à zelar
assinar;
o olhar é uma ferramenta
que nos persegue
e difere.
mudo de ideia
Pierre Tenório
quinta-feira, 12 de abril de 2018
quarta-feira, 11 de abril de 2018
não é de costume, mas, ele correu.
não sabe a verdade, mentira ou identidade;
se mostra valente, tão inconsequente, vadio,
vulgar.
não faz de conta, nem se apronta
pra aprontar, afronta;
conta mais nãos do que sinos na agenda
do celular, alarmes não o amedrontam.
ele se esvai dentre rios vazios;
areia, poeira e espaço.
garfos e facas o cortam e furam,
o amor não o cura.
ele me esconde segredos revelados
ao mundo pequeno das fotos;
expõe suas próprias fraquezas
em mesas sem nenhuma cadeira.
Pierre Tenório
quarta-feira, 4 de abril de 2018
segunda-feira, 2 de abril de 2018
Pela janela
encontrei um poema
daqueles
que se guarda
na escrivaninha
e ele nunca atinge
o fundo da gaveta
beijo-te os pés
para abrir os caminhos
do verso dos versos
poema discreto
como quando
me declamas
cartas
pelo pensamento
erro a ortografia
quando me deleito
sobre o corpo
de tu, poema
e confundo
minha língua
com teus outros
idiomas
te domino e
você me flui
como um poeta
maldito, dentro
de um poema irretocável.
Pierre Tenório
segunda-feira, 26 de março de 2018
Os sintomas dos teus dedos
apontam toques ledos
sobre as pontas dos meus dedos
As linhas de tuas veias
deságuam como teias
na hipoderme das minhas veias
Saborosos os pentelhos
a espessura dos cabelos
na textura que me espelho
Tua boca como ceia
me entrelaça feito leiga
nas linguagens que anseias
Meu silêncio de arvoredo
decodifica segredos
gritando pra todo medo:
-A distância como beijo
saliva e liga os desejos.
Pierre Tenório
quinta-feira, 15 de março de 2018
quarta-feira, 14 de março de 2018
por um piscar pensei
por um mudar de página pensei de novo
que o garoto estava a escrever um poema na página do seu caderno de folha reciclável bem na minha frente
quase diante da má lida dos meus olhos que não decifraram tal código no auditório em singular firmeza no deslizar do cometa sobre o chão do braço da carteira riscada onde peixes saúdam a escuridão com suas barbatanas cor de córneas lentamente
eu era a única pessoa que pensava em ler aquilo em poema que não se escrevia por aquela mão
O braço da cadeira possui linhas aéreas venosas
meu cabelo espera
e as canetas não ultrapassam o repouso das minhas unhas enquanto dançam a espera da caneta entre os dedos enquanto morrem essas vivências
Pierre Tenório
maluvido
quase não reparei que a vida é contínua e por isso ainda acordo embriagado nobremente sobre o que os desejos afagam por debaixo dos lençóis mansos felinos. Percebemos a necessidade do ponto a mirar para morder e sugar condicionado livre ao beijo com sabor de queijo qualho o leite na garganta prestes a descer, soo suo sou lamento falho seco séco feito galho caio deixo
o silêncio mais que a pausa causa falsa sensação de outro som num sublime desafino para a leveza dos mau ouvidos
segunda-feira, 12 de março de 2018
que fazia shows de até dez horas
com muito gás
as pessoas ficavam cansadas
no entanto paralisadas
mas nada era para elas
as horas passavam
e ele não tinha culpa
apenas sentimentos
para vender
ele ganhou muito dinheiro
e tudo fez sentido
hoje ele não faz mais shows
de dez horas
uma hora ele morre
quarta-feira, 7 de março de 2018
matemática
nunca serei capaz de ser amada;
a cesta da bicicleta pede flores
de presente
pedalo para trás enquanto assisto
as propagandas
é mais fácil dar uma entrevista
que ouvir o de repente acontecendo
gente sempre espera muito
e no fim, acaba se contentando
com o mínimo dos múltiplos
não pensei que amar fosse
tão comum
falo nisso todos os dias
peguei carrapatos com meu cachorro
a cabeça está cheia de ideias
Pierre Tenório
segunda-feira, 5 de março de 2018
sábado, 3 de março de 2018
segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018
terça-feira, 20 de fevereiro de 2018
Encimento janelas enquanto dormes
e me procuro nos tijolos
estou entre um espaço e outro
acinzentado
onde nem o sol em peixes
é capaz de iluminar
Não ouço
mas, minhas orelhas continuam em pé
a música me engana
e a poesia me engana
os objetos me enganam
e as pessoas também
você para quem escrevo
não consegue nem acordar.
há imensidões no reflexo escuro
Pierre Tenório
sábado, 17 de fevereiro de 2018
Intensão
A ilusão do bom dia
se aparenta muito
com a do adeus.
Fui dormir às cinco
pensando que eram 21:30
5:40 acordo entre
duas paredes distantes;
esvazio o pen drive e
tento dormir
entre
umas música e outra
acordo ao bom dia
de ontem entre o adeus
e o nunca mais
entretanto
Urubus devoram palidamente
cada artéria da viagem
do caminho
o acervo desencontro.
Deslumbrante
sigo adiante...
Pierre Tenório
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018
na noite ensolarada
O cara da maconha não atende
Meu pó já escorre pelo rosto
Cheirei todo loló da vizinha
Geladeira vazia por completo
Acordo e não durmo o dia todo
O celular está descarregado
Percebo que ainda é quarta feira
E o meu relógio está bem atrasado
Corro sozinha em casa nua
Encontro as cartas do baralho
Os deuses partiram para a festa
Dormir é o pouco que me resta
A dolinha por fim veio matada
Enterramos o avô da minha amiga
O Cel tá voltando a bateria
Bebo toda água da torneira
Dígito algum nome na memória
Me deparo com a cama de bobeira
Degusto a última cerveja
Pinto poemas coloridos
E continuo aqui sem você.
Pierre Tenório
domingo, 11 de fevereiro de 2018
UMA SEMANA
pode me culpar
através da sua inocência
pode me amar
através do seu ódio
pode me falar
através do seu grito
pode me acordar
através do seu sono
pode me arrancar
da tua pele a ferida
podes me deixar
se quiseres, querida
só não me mates
através da sua vida;
só me procure
entre as almas perdidas.
(domingos sempre serão mais longos)
Pierre Tenório
sábado, 10 de fevereiro de 2018
O mundo viajou na maionese .
Ficamos eu e ela na cidade
Somente eu e ela na cidade
Sozinhos como pássaros trancados
Eu pensava nela na janela
Ela ocupada não me via
Pensei que ela estava sozinha
Mas deixa que estava aprisionada
Eu pensava nela na janela
Ela de longe me penetrava
Perdi-me a procurar bela donzela
Pois que pela mãe foi enclaurusada
Pensei que só existisse nas histórias
Onde o principe ia liberta-las
Cantei para ela na janela
Sem saber se ela me esperava;
Ela não gosta de poesia
Nem de carnaval.
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018
estava eu distraído no teto de casa fumando um longo cigarro de erva prensada, quando de repente, avisto dois cães trepando no meio da encruzilhada, a cadela grunia de prazer enquanto o cão fazia movimentos repetitivos sem pena quase humanamente
segurando os ombros dela
a cachorra permitiu tudo em pleno carnaval silencioso da madrugada da minha rua.
O poste de luz amarela finalmente funcionou.
foi a cena mais romântica que presenciei em toda minha vida até logo
terça-feira, 6 de fevereiro de 2018
domingo, 4 de fevereiro de 2018
Os cães transam
na rua inteira iluminada
pelo poste amarelo
Sob a luz santa, canta e algum rabo ao lado se senta no cacto
seco de espinhos
Ela finge se levantar sobre um cacto espinhoso seco
falando espinhos
A terra vibra no momento e eu indico o dedo para a estrela que brilha na veia;
células cadentes se espelham no momento incerto
Algumas pessoas não conseguiram escrever nem tampouco escapar
O sangue que escorre do meu pau é sinônimo que vocês me perturbam.
Perguntas
Penetro os olhos nas letras do teclado do celular e as palavras não passam de apresentações
Me desapresento
não escrevo para ti
Escorro a gala do teu nariz
sob as montanhas das paisagens que percorro sem céu o espirro das formigas
Me preocupo mais com as palavras que nunca estiveram à tua vista
Me desprezo demais por causa de você
Me encanto demais pela tua ausência
sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018
Quase nunca me lembro dela, vou pros lugares e todo mundo é parecido com ela
Faço de conta que não a esqueci
e ela escreve no pensamento o nome na ferida que não existe no meu braço
Das poucas vezes que lembro dela
é como se a Madonna lançasse um disco
e eu fizesse uma tatuagem nova
da década de oitenta
Ela toca percussão e violão de uma vez só e se pudesse a colocaria no altar de todas as artes marciais, marcianas, mas é demais como ainda penso nela
e penso
E como ela me toca distante e desvia o olhar descolado e amante das obras secundárias e terciárias
também do trabalho escravo da arte cotidiana que os dias nos dão hoje, amém
Ela também é fã de obras primas
"bela bela mais que bela"
quem é ela?
quem sou ela?
Misturo as bebidas e volto pra casa bêbada e ela me deixa.
Ela me deixa na porta de casa e em paz.
Não se cale, pois as coisas sempre pedirão e implorarao para você provar alguma coisa.
Ela não me pede pra provar
nada.
Pierre Tenório
quarta-feira, 31 de janeiro de 2018
Lua Morta
Você não precisa
se tornar poeta
me escrever palavras
como à um profeta
Você não precisa
declamar meu nome
só fechar os olhos
e a noite some
Você não precisa
voltar e ir embora
já não me levanto
para abrir a porta
Você não precisa
ficar mais sozinho
pois ainda cantam
tantos passarinhos
Você não precisa
nem sentir saudade
pois eu jogo fora
tuas caridades
Mas, se és vaidoso
e queres uma prosa
terás que plantar
um milhão de rosas
e libertar pássaros
de quaisquer gaiolas
Você só precisa
abraçar o vento
ver que as respostas
estão no silêncio
e eu não estou mais.
Pierre Tenório
quinta-feira, 25 de janeiro de 2018
Ando tão disperso
não me lembro
de que lado
meu cabelo está
Nem por qual calçada
dessa rua vou
me atravessando
e esquecendo de você
Francamente hoje
não quis abraçar
o bêbado leproso
que passa por mim
todo santo dia
e ele aprendeu
a acenar de longe
quando miro
sua retina
sinto que a distância
é a arrogância
do triscar, do toque
e que não há lágrima
que se demore
ao afagar os olhos
Pierre Tenório
terça-feira, 23 de janeiro de 2018
escreveu como uma lesma
deslizando sobre a folha
encontrou o primeiro namorado
na lista telefônica
e rasgou o número sem dúvidas
trocou o dia pela noite
assistiu o show
de uns amigos e fingiu que gostou
não para agradá-los
mas, para economizar tempo
já que teve que pagar a entrada;
a gente sempre tem que levar
os negócios dos amigos a sério
mesmo que não tenham futuro;
foi pedida em namoro mais uma vez
e recusou mais uma palavra
após a outra.
a lesma molha o papel
ao se masturbar sobre o poema
a luz de velas;
conheceu mais um famoso
na portaria do cabaré
e o odiou
por via das dúvidas
Pierre Tenório
segunda-feira, 22 de janeiro de 2018
sexta-feira, 19 de janeiro de 2018
e ligou-me histericamente
declamando uns poemas de sexo
o boy tinha o sorriso mais lindo
de todo mangue recifense
no corredor do hotel
ajoelhada e humilhada
aos pés de um macho
descansa sua pele
hidratada, assistindo tudo
pelo próprio celular
ignora a existência da felicidade
trancada fora de si
ela não sabe o que fazer
então ela me liga
e tenta me fazer inveja
e eu digo: durma em paz, sua puta
arrombada
você não pode me fazer feliz
estavamos bêbadas ao mesmo tempo
em lugares diferentes
Pierre Tenório
idiotice minha
para que eu possa
sobreviver mais um pouco
já que você faz questão
de usar as palavras
para me matar distante
e me manter você,
você, você.
eu preciso desesperadamente
falar um pouco mais
da minha vida alheia
só assim eu consigo toca-lo
posso sentir o odor
da felicidade, amor
a praia está longe dos meus pés
e eu continuo dentro de você
seu idiota
nasci uma garota livre e
abandonada;
agradeço aos miseráveis deuses
por não conhecer
ninguém
absolutamente
me deixe em guerra
Pierre Tenório
quarta-feira, 17 de janeiro de 2018
terça-feira, 16 de janeiro de 2018
Lágrima
guardo o livro
lanço um single
aprisiono
na instante
teu sorriso
ouço longe
os ruídos
dos teus gritos
ponho os fones
e me finjo
de esquecido.
Pierre Tenório
sábado, 13 de janeiro de 2018
Peixes: "entregue-se a paixão e os seus mais belos sonhos se tornarão realidade."
Até acreditaria se tivesse nascido em março deste ano, a mentira que o jornal conta todos os dias alimenta a farsa da alegria que é acreditar no que não se pode tocar.
Quando fala-se em paixão, só consigo lembrar do meu falso amor por você.
Há quem confie no universo, eu acreditei em você e desde então, todos os dias comecei a arrancar uma flor e públicar no instagram;
na contagem regressiva
para te perder de vista
da minha memória.
Desde que foste embora, ganhei a noção de como as horas podem mudar de velocidade e
sempre que durmo em meus sonhos de ouro
és pisoteado por meu ascendente em touro
é nisso que acredito,
na arte de matar as pessoas que te matam
pisoteadas, como um touro
depois jogá-las no mar do esquecimento
e reecontra-las no calabouço dos pesadelos românticos
na arte de acreditar na própria ressurreição,
como os rios.
Sua xícara continua no armário...
Pierre Tenório
sexta-feira, 12 de janeiro de 2018
Há um poema preso
dentro do meu estômago
quer sair pela boca
e está sujo de merda
O cu tenta expulsar
esse poema perverso
que mora perto das tripas
do meu coração
Quero entregar a você
que não o entenderá
nem que o reescreva
ou limpe com detergente
Pra ele ficar mais claro
pena que os seus olhos
estão perversurados
pelas impurezas
de fora de mim,
peça que o poema
volte para a merda
mas, nunca ouse
limpar meus lábios.
Pierre Tenório
quinta-feira, 11 de janeiro de 2018
NÃO CONSIGO!
disse:
- a beleza negra é exuberante;
não sabia que estava
objetificando meu amigo
que desprezou meu carinho
por eu ter a pele branca
e a boca grande
ou por não saber dizer
que a beleza negra dele
é exuberantemente
exclusiva pele
dele
as palavras da boca
em lábios finos
executando
o convite dos meus olhos
confortáveis
e famintos
de um ser humano safado
ou talvez apaixonado
disse:
- agora sou feminista;
cale a boca sua bicha
pois você não tem buceta
e nem que arranque a pica
vai se tornar menina
por incrível que pareça
o máximo é o pró
o problema
o programa
o pro orgulho das minas
teu problema
é ter proctologista
vamo pra marcha
contra os machos
posso confiar em ti?
seu ser humano safado
ou talvez apaixonado.
disse:
- me sinto heterosexual;
fui atacada por homofóbicos
na porta do hospital
espancada pela enfermeira
lésbica
negra
que me arrancou a língua e
condenando-me
ao silêncio.
Pierre Tenório
vinte e uma linhas no intervalo pro café
perdi a ideia, só sei que estava pensando um pouco
sobre alguma levianidade
sobre aproveitar as férias deitada na rede
e continuar curtindo a vida
desse formato lo-fi
como um espetáculo contínuo.
eu, a rede, a vida
as letras mentindo mais uma vez quem sou
a dança da morte me encarando de frente
a música perdida no tempo espaço de tempo
essa noite passada sonhei
o amor impossível de lábios vermelhos
e muitas estorinhas
postei tudo ao acordar
sem me dar conta
que estou no faz de conta animada
e sou uma mulher infelizmente
não realizada quase aos 30
me despeço do teclado
Antonio mandou notícias do além
Pierre Tenório
sábado, 6 de janeiro de 2018
todo mundo tá conectado
as circunstâncias
dos outros;
todo mundo se sente
afetado, pelo brilho
do ouro.
todo mundo é
reminiscente
na total ausência;
todo mundo quer
sentir profundo
as incandescências.
todos em tudo
e tolos não sãos
sagacidade na
imperfeição;
tudo em todos
o todo só é
muita ou pouca
ausência de fé.
cheiura de árbitros
Pierre Tenório (editado)
quinta-feira, 4 de janeiro de 2018
enquanto minha mãe termina de fazer as panquecas
penso seriamente em arrancar minha vida de mim, cobro amor próprio
durmo e acordo exatamente fora do mesmo lugar
e todas as músicas me fazem chorar
lágrimas com cheiro de maresia e sabor de água de coco
estou cega mamãe
já não abro as janelas
e ignoro a existência dos poetas
me sinto feliz e espero
a vida chegar perto e me abraçar
anseio mais um abandono
o último dia
a última flor
beijo o olhar que me faca
como corta
nunca aprendi a conversar
sozinho
já ouvi demais tua última palavra
durmo durante o filme do Cláudio Assis
e me sinto uma cerveja durante o sonho
estou congelada
Pierre Tenório
quarta-feira, 3 de janeiro de 2018
agradeço ao som do ventilador
o grotesco que nos corta pelas hélices
o falso vento que amedronta as paredes
e palavras , pensamentos sendo mais discreto ao vento...
calores resfriando nossos cérebros e o ódio por estar dentro de casa, ócio remoendo a pele, ossos feito carne viva, trêmula pica no cu dos que ficam.
prazer conhecer o dedo na cara do olho alheio
Pierre Tenório