sábado, 28 de abril de 2018

dessa vez fui hospedado num hotel de quarto vago
letras nas paredes esboçavam algodão doce
camas, eram três camas com lençóis esfarrapados
eu pisei o chão do espaço sem querer deixar pedaços

tive que ficar ali por mais de uma semana
nem para o papel me entreguei para um papel

a escrivaninha se compôs ajoelhada
ao pé da chama minhas pernas deslizaram
e pelo teto estrelado em formato de balão o chiclete explodiu dentro do bolso do short

procurei a janela de saída

me perdi nos corredores de um bosque
onde as árvores despidas clamam máscaras

esqueci o nome no caderno
costurei minha boca com as linhas
na promessa de gritar rasgando os lábios

e entre as curvas dos planetas
fluir feito gametas

sangram.

Pierre Tenório





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