dessa vez fui hospedado num hotel de quarto vago 
letras nas paredes esboçavam algodão doce
camas, eram três camas com lençóis esfarrapados  
eu pisei o chão do espaço sem querer deixar pedaços  
tive que ficar ali por mais de uma semana 
nem para o papel me entreguei para um papel 
a escrivaninha se compôs ajoelhada
ao pé da chama minhas pernas deslizaram 
e pelo teto estrelado em formato de balão o chiclete explodiu dentro do bolso do short
procurei a janela de saída
me perdi nos corredores de um bosque 
onde as árvores despidas clamam máscaras
esqueci o nome no caderno
costurei minha boca com as linhas 
na promessa de gritar rasgando os lábios 
e entre as curvas dos planetas 
fluir feito gametas
sangram.
Pierre Tenório 
 
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