segunda-feira, 2 de abril de 2018

Pela janela

encontrei um poema
daqueles
que se guarda
na escrivaninha
e ele nunca atinge
o fundo da gaveta

beijo-te os pés
para abrir os caminhos
do verso dos versos

poema discreto

como quando
me declamas
cartas
pelo pensamento

erro a ortografia
quando me deleito
sobre o corpo
de tu, poema

e confundo
minha língua
com teus outros
idiomas

te domino e
você me flui

como um poeta
maldito, dentro
de um poema irretocável.

Pierre Tenório

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