segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

recolhi uma gardênia
morta do meu jardim
já estava criando rugas
e mergulhado entre as dunas
de tantas transformações
pude compreender
que por mais maquiagem
que possamos usar
o pó que estava vencido
por dias, meses na estante
torna-te o rosto mais leve
quase 'aquilo que és'
livre dos meus retoques
poros de diamante
incandescentes pela
divina transparência
meus átomos, tua essência
me enriquecia os dedos
mesmo em planos distantes
de coerência;
submerso em vasto brilho
pude contemplar o mar
quando uma de suas ondas
levou-me embora de volta
pra cerca do meu vergel
surgindo de todo nada
uma sereia com asas
do escuro estrelar do céu
tentou convencer por tudo
que embaixo de qualquer água
até grandes sinfonias
tocam silenciadas.

Pierre Tenório


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