quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

ao ponto que me exponho
desmancho-me completo
furo meus dedos com agulhas sem pontas
desfio os cabelos do corpo inteiro;
escrevi uma frase numa linha de costura
em letras bem pequenas para que ninguém
pudesse ler
até o fim das voltas sem pontuação
pra esconder os pontos fracos e amarrar os fortes
em nós
a costura fazia com que aos poucos se soltassem
presas num acabamento que quando vestidas ao corpo
gritassem morrendo aos poucos
desbotadas ao longo do tempo
despidas as palavras são véus para
máquinas de casamentos
fico com os retalhos
costurados à mão
entre a indecisão do sim ou.

Pierre Tenório

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