nos desencontros 
da noite
que a gente vai 
e se encontra
um suposto apaixonado
arrancou a minha mão
para poder afagar
o próprio rosto insone   
sem qualquer permissão
a leu como vidente
durante dias insistente
mas não conseguiu escrever
palavra alguma 
enfiou anéis entre os dedos
guardando e revelando segredos
depois ele retirou todos
graças à deusa 
se masturbou por horas
esquecendo o quanto
tudo se demora
na indevida calma
hora sobre hora
não obteve gozo
faltava-lhe algum corpo
vivo-morto
pra poder repousar
durante alguns segundos 
enquanto o olho direito
ainda piscava
por fim então devolveu-me
já que nenhuma serventia 
aquela mão o tinha
obtinha 
órbitas 
óbito.
eu fiquei olhando aquilo
sobre as minhas mãos
depois joguei ela fora 
para que todos os porcos
pudessem sem tocar. 
Pierre Tenório
 
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