sábado, 9 de janeiro de 2016

nos desencontros
da noite
que a gente vai
e se encontra

um suposto apaixonado
arrancou a minha mão

para poder afagar
o próprio rosto insone
sem qualquer permissão

a leu como vidente
durante dias insistente

mas não conseguiu escrever
palavra alguma

enfiou anéis entre os dedos
guardando e revelando segredos

depois ele retirou todos
graças à deusa

se masturbou por horas
esquecendo o quanto
tudo se demora

na indevida calma
hora sobre hora

não obteve gozo
faltava-lhe algum corpo

vivo-morto
pra poder repousar

durante alguns segundos
enquanto o olho direito
ainda piscava

por fim então devolveu-me
já que nenhuma serventia
aquela mão o tinha

obtinha
órbitas
óbito.

eu fiquei olhando aquilo
sobre as minhas mãos

depois joguei ela fora
para que todos os porcos
pudessem sem tocar.

Pierre Tenório

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