segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Oi,

abraço não se devolve, besta
cartas sim.
devolva também o cd que você pegou emprestado e eu sei que perdeu,
eva nunca vai me perdoar por isso, maurício beijou outro cara no fim de semana
e o namorado dele finalmente com ciúmes, ligou pra mim 13:00 da tarde
dizendo que a ressaca o traz de volta.
ele estava ouvindo justamente um cd igual ao meu
haha achei engraçado ouvir joplin de ressaca
não entendo os ciúmes depois de tanto tempo
acho ciúmes engraçado, talvez belo, ciúmes tem cheiro do amor de deus por nós
por isso deve ser que ele mata todo mundo, não tenho ciúmes dos deuses.
nem dos amigos, desde que foste nunca mais senti nada.
e me questiono e escrevo.
tem uma árvore que dança pra mim toda noite enquanto me bronzeio
a luz da lua e da brisa quente na varanda.
as vezes cerveja, as vezes café, ontem foi vinho.
aí tá quente ou frio? como são as flores? a vegetação, as chuvas.
aqui tá uma guerra, tudo desgovernado, o país inteiro; tô pensando em fugir.
gostei muito das fotos que você mandou na ultima correspondência, vê se treme menos.
me fala sobre a exposição
o que a crítica falou de menos? kk adoro as narrativas
grava a fita do brotolândia pra mim, também a bossa do caetano
gosto daquele jeito k7 que você me olha
eu sempre fico de aparecer né, mas, sinto meus pés fincados aqui
presa em um pentagrama cheio de notas baixas,
também das últimas vezes que me escreveste senti
uma aversãozinha da sua parte, tá me escondendo algo?
ou tá com medo de mim?
não esqueça que sou uma bruxa das palavras
e consigo ver teus olhos de longe;
pensando bem, acho melhor demorar mais um pouco,
preciso cuidar das crianças, depois saio por aí,
talvez apareça... talvez não.
abraço se envolve, como a pista sente os pneus em pleno meio dia
e os ares as asas dos pássaros, o tempo sente falta de um abraço
e o corpo de mais um aniversário.
abraço se envolve como o silêncio dos quilômetros.
como me envolvo com você.
me diz como foi o carnaval, com detalhes poéticos, por favor.
prometo usar a máscara que você deixou


beijos,

Pierre Tenório

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