sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

me senti um ser humano preso numa roda de conversa
onde meus ouvidos pediam para descansar, mas, a senhorita
não parava de discutir ininterruptamente com o indivíduo a sua frente,
ele estava indelicadamente vestido de mulher, ''catraia'',
no melhor jeito machista de falar, alegava não ser machista.

ela estava devidamente organizada com um terno branco,
barba de lápis de olho, chapéu, um relógio dourado que provavelmente
seria do avô falecido.

-que horas são, moça? (perguntei-lhe tentando fazer com que eles
esquecessem do que estavam falando. inutilmente.)

-tá parado. (respondeu-me olhando para o braço e coçando os ovos)

ela o agrediu minutos antes de saírem em seus respectivos blocos
de carnaval; ela não permitira que ele saísse em um bloco cujo nome
depreciava o ser feminino.
ele a chamou de puta.

os dois são casados a 13 anos e se conheceram na adolescência,
mas, alegavam não se conhecerem nada a cada dia.
ela chorava de ódio.
ele é a favor do governo temer.
ela o agride por isso.


Quando o delegado chegou, me liberou pelo roubo do chapéu verde que
afirmei ter esquecido de pagar e pedi desculpas e assinei um papel.
parece que terei que limpar os banheiros de uma escola durante seis meses.

no caminho de casa no meio do furdunço, encontro os dois blocos
bêbados de mãos dadas levantadas ao alto quase zombando dos policiais
que os prenderam minutos atrás.
o som da orquestra de frevo e dos batuques de maracatu
quase ofuscava o de suas vocês que gritavam e
cantavam e gritavam freneticamente felizes

-MACHISTAS FEMINISTAS, NÃO PASSARÃO!
-FEMINISTAS MACHISTAS, NÃO PASSARÃO!

não sou rockeiro, mas, carnaval me dá medo. rs

Pierre Tenório



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