sábado, 11 de fevereiro de 2017

tudo me cega sem que eu tenha que ter cuidado com os cacos dos litros
as vidraças já não são paisagens, os vizinhos apenas a miragem dos vidros
os retroprojetores já não inalam o que os pulmões gritam sobre meu ego inflamado
estouro os balões da festa, enquanto as ninfas dispersas estouram os mesmos balões
o piano alcança inesperadamente o meu tom, improviso uma conversa despretensiosa
meus ouvidos mais estão atentos a desgraça do que aos semitons de qualquer graça
fujo e volto na mesma hora para que você me sirva um café
sirva me algo, não suporto mais a inercia do acalanto não atento
chora um pouco em cima do esmartifone
sorria para mim então, contarei os dentes e direi que te falta algo
que a compreensão não te permite
por mais que interrogações me interroguem o medo do juízo é mais forte que as amarras do sucesso
a fama e glória me sufocam a ansiedade de não tê-las
devolva os dez centavos que te dou algum agrado da sobra que nunca inalei
grilos cantam na paisagem, e se você lê que me leia no verso das páginas das
calçadas, as palavras me cansam os artigos inúmeros também, e é nas entrelinhas que me engano
totalmente, me envolvem as entrelinhas que me,
sem que tenha braço, sem nada por nada que afaga, onde está a fada do dente
onde estará o duende que dormiu comigo na noite passada e fugiu do medo
de sorrir comigo,
entreaberta janela fechada e sem ferrolhos, desculpa.
não ousar de tantas palavras, apenas que me entendas deveras
por favor, não me entenda.
as lágrimas já estão petrificadas neste nordeste.
um norte
eu poderia ser a qualquer pessoa
que amarias no mesmo vento.

pierre tenório

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