fico muito preocupado 
inutilmente vivo  muito
perto, longe, imaginário

não sei você, mas eu 
me sinto e sinto muito
totalmente abstrato

teu cheiro, beijo, abraço
queixo, deixo, perdida
lento, dedos, os teus dedos

não me deixam,
imagino o medo 
de tocar meus versos

declamar o que não 
se fala, não se fala mais
me engano...

reticências.

ide

os esquecidos
serão lembrados
por terem sido
esquecides. 

 Infinita Tristeza 

Deixe-me ir preciso andar 
por aí
você se despediu 
sem nenhuma palavra dizer 
sem verdade também sem mentir 

Já faz algum tempo

Você me deu valor 
e mesmo assim trocou 
quando podia dar 
você nem emprestou 
amor 

Vai minha tristeza
e diz pra ela sumir 

eu sei que vou chorar 
nunca soube partir.

Pétala

Me perdoa pétala
por jogar-te ao chão
meu coração

se derrama em lágrimas
ao perder-te em meio
essa paixão

segura minha mão, então
desabrocharei jardim
serei beija-flor assim

teu perfume nascerá
como bem me quer
mau me quer bem

me quer
como pétalas

em mim. 

me entrego as janelas 
me entrego as cortinas
das janelas, também as 

portas 
entreaberta me entrego
me entrego pelas frestas 

me entrego pelo espaço
das telhas, por fora 
das cadeias 

me entrego nas grades 
onde não posso estar 
me entrego a morte 

enquanto me entrego 
a vida me entrega 
ao vínculo 

que escorre 
ao canto me entrego 
a tudo que clamo 

me entrego ao que 
me devolve ao sub
terrâneo não me digas

do silêncio ao grito
do soluço ao mijo 
da solidão até 

as palmas de tantas 
mãos, me entrego 
e me devolvo 

a mim mesma. 

NOVELAS

preciso de um papel
por favor
preciso de uma papel

não me deixe 
sem escrever 
minha vida

não se deixe
escrever 
minha vida

a não ser
ser 
ser

a vida, tecida
tecidos. 

não estou apta 
ao ódio aos outres

minhas amoras
não se conservam

é presepada
é mão de fadas

voz que se cala
enquanto grita

alma crescente
lua que irrita.

a primeira vez que te vi
me entreguei da cabeça aos pés
teu coração a me invadir 
essa voz dizendo que sim 
que me quer

só não quero prisão 
já dei meu coração 
mas juro que me arrependi 
te amo mas sobrevivi

da ultima vez que te vi
você estava linda demais 
juro não me despedi 
mas, estavas com outro rapaz 
tudo bem 

tempo que não volta atrás
as lembranças não morrem jamais 
certo dia te reencontrei 
por acaso de novo te amei
é assim

hoje somos grandes amigos
o amor verdadeiro é isso 
por mim está tudo bem
penso que pra você também
não tem fim 

 

quem seriamos

nós

se assim fossemos 

nós 

sem pedaços 

de outros 

ou vestígios

só 

sós 

?

Se eu souber que existem 

comprimidos na bolsa 

não terei dor de cabeça.

Sei que não voltarás

ainda assim continuo 

esperar desesperando. 

acordo e tudo mais que me exausta, põe-me a dormir durmo e tudo mais que acorda, me exausta dormir

é quase inacreditável a possibilidade de me leres
mesmo assim a esmo te escrevo idiotamente, e quando
o faço é como se a lua beijasse as tuas mãos intocáveis.
hoje estou bem, quase como sempre narrando o nada, ponto
e vírgula, não te amo mais, ou acho que, prefiro escrever pra você.
não sei se só passa de... não há mais tempo para não seisss.
desde que foste desaprendi escrever muito, olho as paisagens,
faço fogueiras, clamo aos quatro ventos tua volta.
inutilmente danço.
preciso de você para escrever mais, uso muitas vírgulas,
eu quero mesmo que você me leia, ninguém mais.
escrevo para. paro. reparo tua felicidade e me agrado
contemplando o teclado. descalço as músicas do teclado quase
em piano, eu grito, grito pro mundo todo ouvir.
ninguém ouviu, ninguém, caso leias, é apenas um retrato
de amor em vão, clichês de poemas e cartas de amor.
meu coração já foi quebrado tanto que parece vírgulas ao chão.
você sabe o quanto te amo e nunca vou deixar que isso
me acabe.
caem lágrimas de céu, o céu em pedras me desmanchando.
sou uma letra de música mal traduzida que em silêncio
te ama e diz que precisa de você, mas você não faz nem ideia
o quanto as paredes me olham.
nunca mais me tocas. isto não é uma carta de amor, é um desespero
em vírgulas. uma narrativa de como não te encontrar, de como nunca
mais te encontrar. nunca mais te encontrar. uma narrativa de como
nunca mais te ver.

as vezes penso
que meu quarto é
um set de filmagem
o meu colchão
ator, principal
eu coadjuvante.

em sonho me declarei
poema
assim tão só

em tantos
planetas acordei
assim tão só

palavras em dóremi
te durmo
te chamo
pro sonho
acordo

acordes sinceros
simples limpos gestos
falatóriedades

tudo o que fiz
ou cogitei
também pensei
falei e falei

foi para ires
além da íris
e produzires
mais do que sei

lamentavelmente quero ser
teu amor profundo
um pedaço do mundo
a cereja do bolo, o glacê
presente futuro
ia ser teu luxo
escrever poemas pra você
esquecer
que fui teu namorado imaginário
o contrário
criar nossa própria
tradição oral
beijar a lua
fazer carnaval...

faço
de tudo
para
chamar
sua
atenção

falo
sozinho
tudo
que sinto
fico
na mão

faço
uma cena
para
pensares
que não
és mais

o meu
amor
e quem
sabe logo
voltes
atrás

ultimamente
não pareço
como me sinto
também não me sinto
importante como sou
ou posso parecer
ou apenas me sentir

sou uma droga

já usou droga?
alguma vez na tua vida
já observou o sentido
inútil das palavras?

inútil quando somos
invisibilizadas


úteis em artigos
elas são úteis
para dizer
oi
tchau
talvez
eu te amo

me calam
a boca
pedem-me
calma

calos nos pés inventam
novas formas de andar

estou só...

brinquei
com todos
os meus
amigos

alguns ficaram
outros fugiram.

não consigo conter minhas emoções,

conheçam o meu pé
de maconha rima
tá no quintal
crescendo feito
uma menina
linda de tão linda
fruta mais frutífera
que vi na minha vida
pena que é proibida
de andar na rua

porque vive
nua

mas, ainda?

se encontra na esquina
serei sua heroína
prometo te deixar pra cima
a minha tua e nossa rima

brisa

o cheiro dela me excita
fragiliza
a brisa dela me faz eu sentir artista
você não acredita
danço feito anitta
esqueço os problemas
nada mais me irrita
senta no sofá
e pega a fita

Refrão

é bom voce fumar pra ver
sentir pra crer
puxar e ser

você


todo mundo fala que a policia vai chegar
pra matar o meu amor
e também pra me levar
pro abismo do silencio
o grito por dentro
vou continuar a letra
e acabo esquecendo
dos livros que ando lendo
o quanto vivo lento
mas quando sinto
o perfume corro
pra mais perto
tanto me observo
o quanto mais te quero
arreio a lara em verbo
repito os proverbios
minha filosofia
por isso que te venero.

a planta não faz mal sua anta
não se espanta
o problema ta na tua falta de esperança
aliança
planta colhe fuma
a cinquentinha
numa semana.

chama.
queima.

alguns estão trancados
muitos ainda alados
o cara quando é pobre
tem é que ficar calado
não adianta gritar
não adianta chorar
tem que lacrimejar
e pedir pra respirar, parou?

a desigualdade
humana
soberana
terra plana
ninguém nos engana
alguém nos engana

na mesa ou na cama

  
é ficha
ninguém pode ser
bixo bixa bixa
mulher te liga
com que tu brinca
ama briga

especifica
aqui você não fica
chiou, vou na policia
para na minha cara
e gritarem
te lixa

é rixa?

meu corpo é política
pós apocaliptica
magia psiquica

mente analitica
eleições a vista

miss beleza facista
eu odeio racistas

digo sou feminista
a obra do artista

por favor não insita
pra eu não lutar

porque você nao acredita

nunca serei normal
igual ao igual
sou sobre natural
o que tu fala
só discorre pela via anal

na moral moral

vocês sabe o quero
soltar o verbo reto
que todo mundo ame livre
isso é que espero

ame a natureza
respeita a natureza
respeita a beleza
de cada beleza.

reza.

fiquei com raiva pq minha amiga não deixou maconha pra mim

ELEMENTAR

te amar
é como
estar dentro
d'um barco
afogado
n'um rio
congelado

te amar
é tornar-se
feito
larva
petrificada
após
o vulcão

te amar
é viver
como árvore
a espera
do fruto
proibido
nas mãos

te amar
é ser
a última
sílaba
desta
palavra
a única frase que direciona o poema

dizer, não

Pierre Tenório

inside of my home, baby
I think of love
i drink of god
into my heart, baby
i kill my mind
i break my sound
my dreams dancing in the dark
you close my eyes and kiss my mouth
come with me
i promise all my love,
promise

. Janeiro o desmanche das árvores de natal

pode nem parecer
importante
acho que nem é
mesmo
na verdade tenho
certeza
não é mesmo importante
este poema ou a causa
deste bilhete
no entanto ele tem
espírito
este poema tem vida
e pode terminar
numa charmosa interro-
gação.
imagine só
você amar a sensível
e poderosa alma
do ser corpo mais chato
e estúpido e charmoso
deste mundo
depois de uma infinidade de amores e despedidas
não se pode confundir a alma com o corpo
mesmo sendo um espírito ancestral
daí eu me pergunto se não é
estupendamente poético
essa pessoa
este espírito transcendental
este corpo homem
mais feminista idealista comunista
gostoso de ouvir
falar
algumas
coisas
gostoso
pois tem o curioso gosto
de uma fruta caída do pé
gostoso pois que eu
gosto de gostar
mastigar
engolir
como se engolisse um
espírito
não é estupendamente poético
essa pessoa
te deixar
de te seguir
no instagram?

Janeiro. O desmanche das árvores de
natal.

Pierre Tenório

sei que você gosta só de mim
mas gozar não é amar pra mim
sou só um pouquinho romântica sim pirilim

não faço magias para ti
pra você se apaixonar por mim
sei que voce gosta mesmo assim

de ficar dentro de mim
e eu por fora fico louca k k k ahhh

quando visto a roupa
você faz de conta
que nunca te vi

e eu também sorri

fui na cachoeira
mas a água era salgada
teu suor me embriaga
e o feitiço acaba

(teu suor me alagava)
e eu louca

Rasguei todas as páginas do poema
o único poema meu
tudo bem que eu não esteja
apto tocar tuas vértebras
mas você não pode dizer
que tudo isso é óbvio
eu só acimentava a janela
enquanto dormias
teu vento foi o meu poema
e os poemas são distantes
de nós
caminhei poucos passos
com teus pés enquanto
dormias
me pergunto se vejo o sol
pela rua
fui obrigado a te dissipar
pelas noites de vidro
saindo do sonho
enquanto dormias.