terça-feira, 27 de outubro de 2020

me entrego as janelas 
me entrego as cortinas
das janelas, também as 

portas 
entreaberta me entrego
me entrego pelas frestas 

me entrego pelo espaço
das telhas, por fora 
das cadeias 

me entrego nas grades 
onde não posso estar 
me entrego a morte 

enquanto me entrego 
a vida me entrega 
ao vínculo 

que escorre 
ao canto me entrego 
a tudo que clamo 

me entrego ao que 
me devolve ao sub
terrâneo não me digas

do silêncio ao grito
do soluço ao mijo 
da solidão até 

as palmas de tantas 
mãos, me entrego 
e me devolvo 

a mim mesma. 



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