me entrego as janelas 
me entrego as cortinas
das janelas, também as 
portas 
entreaberta me entrego
me entrego pelas frestas 
me entrego pelo espaço
das telhas, por fora 
das cadeias 
me entrego nas grades 
onde não posso estar 
me entrego a morte 
enquanto me entrego 
a vida me entrega 
ao vínculo 
que escorre 
ao canto me entrego 
a tudo que clamo 
me entrego ao que 
me devolve ao sub
terrâneo não me digas
do silêncio ao grito
do soluço ao mijo 
da solidão até 
as palmas de tantas 
mãos, me entrego 
e me devolvo 
a mim mesma.
 
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