segunda-feira, 9 de maio de 2016

Fugiam as palavras
nada mais havia a ser dito
tentei inúmeras vezes sangrar
as pedras inutilmente
De bruços sobre elas
lhes sugava a alma com desvelo
Mirando ao nada
ninei ao som do vento
todas as almas
que os olhos abrigavam
Sozinho pude ouvir
os zumbidos que
acalentavam os ouvidos
Gritos de socorro
pedidos de namoro
pausas dramáticas musicavam o silêncio
preenchiam o vazio vislumbrante
da minha própria alma avessa.
Pisoteei as flores do caminho
extraindo orvalho para os labirintos
venosos do meu corpo árido
Destilei veneno das nuvens
suor de frutas
Hidratei os cabelos com areia das praias
desertas
Bebi toda água do mar como combustível
para apagar o passado.
apagar.
Procurei novos significados para os medos
e com a brutal força dos arcanjos
pude sorrir dentro de um pesadelo.
Galopei em corcéis de asas cortadas
por estradas sem gravidade.
Procurei um cantinho escuro entre as estrelas
onde pudesse me revelar poeira.
com total autoridade
sobre qualquer sentimento
qualquer.

Pierre Tenório

Nenhum comentário: