Ela se esforçou 
alguns mililitros 
para que teu corpo
se apaixonasse
pelas palmadas
das suas mãos
que nunca ousaram 
chegar nem perto
sequer do pouco
que tanto quis
aplaudiu insistente 
qualquer gesto silente 
quando cruzavas
a praça apressado
de um lado pro outro 
sem mesmo sequer
arriscar um piscar
de olhos contra gosto 
contou os segundos 
durante mil horas
esperando o tempo
levar as memórias 
e quando voltaste 
as palmas de ouro
das tuas mãos secas 
abraçavam as palmas 
desnudas de outros
aplausos inúteis 
enquanto morrias 
de rir pela vida
ela sobrevivia
em portos e partos 
e portas e partes 
partida em pedaços
de maus caminhos,
carinhos, carinhas,
caixinhas de música
em busca de ouvintes. 
Pierre Tenório  
 
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