RELICÁRIO
folheio o álbum de fotos 
tentando extrair teu corpo
vivo embora tão morto;
não quero mais enganar 
a vida inteira com imagens 
inúteis lembranças colagens; 
mantenho-me arbitrário
mas, não poderia deixar 
teu aniversário de lado
onde quem sopra as velas
somos nós que ficamos
imaginando cenários
você nos dando bolos
nós com caras de otários. 
ausência perpétua de espírito
ano após ano após ano 
hoje, o amor da tua vida 
vive se desenganando 
lança âncoras ao vento
tentando afogar momentos
em nuvens de oxigênio.
eu, amigo imaginário 
luto pra espedaçar 
e quem sabe te salvar
das paredes deste aquário.
Pierre Tenório
 
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