Ela se esforçou
alguns mililitros
para que teu corpo
se apaixonasse
pelas palmadas
das suas mãos
que nunca ousaram
chegar nem perto
sequer do pouco
que tanto quis
aplaudiu insistente
qualquer gesto silente
quando cruzavas
a praça apressado
de um lado pro outro
sem mesmo sequer
arriscar um piscar
de olhos contra gosto
contou os segundos
durante mil horas
esperando o tempo
levar as memórias
e quando voltaste
as palmas de ouro
das tuas mãos secas
abraçavam as palmas
desnudas de outros
aplausos inúteis
enquanto morrias
de rir pela vida
ela sobrevivia
em portos e partos
e portas e partes
partida em pedaços
de maus caminhos,
carinhos, carinhas,
caixinhas de música
em busca de ouvintes.
Pierre Tenório
quinta-feira, 26 de maio de 2016
RELICÁRIO
folheio o álbum de fotos
tentando extrair teu corpo
vivo embora tão morto;
não quero mais enganar
a vida inteira com imagens
inúteis lembranças colagens;
mantenho-me arbitrário
mas, não poderia deixar
teu aniversário de lado
onde quem sopra as velas
somos nós que ficamos
imaginando cenários
você nos dando bolos
nós com caras de otários.
ausência perpétua de espírito
ano após ano após ano
hoje, o amor da tua vida
vive se desenganando
lança âncoras ao vento
tentando afogar momentos
em nuvens de oxigênio.
eu, amigo imaginário
luto pra espedaçar
e quem sabe te salvar
das paredes deste aquário.
Pierre Tenório
folheio o álbum de fotos
tentando extrair teu corpo
vivo embora tão morto;
não quero mais enganar
a vida inteira com imagens
inúteis lembranças colagens;
mantenho-me arbitrário
mas, não poderia deixar
teu aniversário de lado
onde quem sopra as velas
somos nós que ficamos
imaginando cenários
você nos dando bolos
nós com caras de otários.
ausência perpétua de espírito
ano após ano após ano
hoje, o amor da tua vida
vive se desenganando
lança âncoras ao vento
tentando afogar momentos
em nuvens de oxigênio.
eu, amigo imaginário
luto pra espedaçar
e quem sabe te salvar
das paredes deste aquário.
Pierre Tenório
terça-feira, 24 de maio de 2016
À Pixinguinha
Chorei pelas madrugadas
da década de setenta
afagado pelas flautas
pianos e maestrinas
Amarrado pelas cordas
quebrei dedos na viola
pelos bares, pela nua
face redonda da lua
Naquele tempo você
navegaria em meus olhos
morrendo nas minhas canções
Diria eu mesmo pra mim
que te conquistaria
ao som do meu bandolim.
Pierre Tenório
Chorei pelas madrugadas
da década de setenta
afagado pelas flautas
pianos e maestrinas
Amarrado pelas cordas
quebrei dedos na viola
pelos bares, pela nua
face redonda da lua
Naquele tempo você
navegaria em meus olhos
morrendo nas minhas canções
Diria eu mesmo pra mim
que te conquistaria
ao som do meu bandolim.
Pierre Tenório
segunda-feira, 23 de maio de 2016
a noite me engoliu
subi a escadaria
de uma torre que
alcança o céu anuviado
onde passeei
triste
meus dedos tocaram a lua
enquanto
por sua garganta
profundamente
flutuei
estrelas me despiram
de mim
o sol me bronzeou
dentro dele
não fiquei com marcas
de biquini
nem usei óculos 3d
saí do cinema com a sensação
que a noite nunca mais
acabaria comigo
de novo
repeti a música dezenas de vezes
pra ver se decorava teus olhos
tudo não passava
de trilha sonora
tu,
um planeta inabitável
de encontro a minha falta
de órbita.
Pierre Tenório
subi a escadaria
de uma torre que
alcança o céu anuviado
onde passeei
triste
meus dedos tocaram a lua
enquanto
por sua garganta
profundamente
flutuei
estrelas me despiram
de mim
o sol me bronzeou
dentro dele
não fiquei com marcas
de biquini
nem usei óculos 3d
saí do cinema com a sensação
que a noite nunca mais
acabaria comigo
de novo
repeti a música dezenas de vezes
pra ver se decorava teus olhos
tudo não passava
de trilha sonora
tu,
um planeta inabitável
de encontro a minha falta
de órbita.
Pierre Tenório
mesmo que não
o poema desgraça
não tem força rima
sina farsa
vida não tem raça
negra rubra
desgraçada
sem foto foco
rótulo
só
trapaça beija
rala tato fato
ato
graça
qualquer coisa
vinho
tinto branco lombra
coisas rasas
pedro bombadones
fred luna loca
laça
coisa me abandono
nas palavras
lágrimas
desaguam
a toa
fala sério
vamos todos
morrer
de rir
do nada nada
córrego
devassa
tua lombra.
Pierre Tenório
o poema desgraça
não tem força rima
sina farsa
vida não tem raça
negra rubra
desgraçada
sem foto foco
rótulo
só
trapaça beija
rala tato fato
ato
graça
qualquer coisa
vinho
tinto branco lombra
coisas rasas
pedro bombadones
fred luna loca
laça
coisa me abandono
nas palavras
lágrimas
desaguam
a toa
fala sério
vamos todos
morrer
de rir
do nada nada
córrego
devassa
tua lombra.
Pierre Tenório
domingo, 15 de maio de 2016
sexta-feira, 13 de maio de 2016
disseram que estou velha demais para passar madrugadas inteiras a planejar viver mais um pouco. contemplei a barragem na lama e senti que não mais haveria tempo para vê-la sangrar novamente. segurei uma foto de infância a qual soltava pipa a beira da praia. os meus pés não mais alçariam o mar. nem a pipa ousariam alcançar. estou morrendo de viver onde fronteiras são erguidas a cada rua da minha vila. preciso atravessar os montes para amarrar o corpo as cordas de um violão. antes de segurar a voz e o choro deixo meu suor escorrer pelas estradas do meu rosto. ontem roubaram um pão da mesa da vizinha. colocaram flores de plástico na cabeceira da minha cama e fecharam as cortinas. espero um sopro do vento abrir alguma fresta. as boas novas estão velhas demais para o meu pouco tempo. mesmo que o amor não volte atrás tudo retrocede ao vão dos precipícios. amanhã cantei num restaurante onde as pessoas comiam tudo menos música. ganhei um colete a prova de rosas amarrado a uma camisa de forca. falsifiquei passaportes que me levassem de volta ao futuro. rasguei o título de matéria prima. chutei o balde vazio de água da chuva. subi na cadeira sem pernas e gritei inutilmente.
Pierre Tenório
Pierre Tenório
segunda-feira, 9 de maio de 2016
Fugiam as palavras
nada mais havia a ser dito
tentei inúmeras vezes sangrar
as pedras inutilmente
De bruços sobre elas
lhes sugava a alma com desvelo
Mirando ao nada
ninei ao som do vento
todas as almas
que os olhos abrigavam
Sozinho pude ouvir
os zumbidos que
acalentavam os ouvidos
Gritos de socorro
pedidos de namoro
pausas dramáticas musicavam o silêncio
preenchiam o vazio vislumbrante
da minha própria alma avessa.
Pisoteei as flores do caminho
extraindo orvalho para os labirintos
venosos do meu corpo árido
Destilei veneno das nuvens
suor de frutas
Hidratei os cabelos com areia das praias
desertas
Bebi toda água do mar como combustível
para apagar o passado.
apagar.
Procurei novos significados para os medos
e com a brutal força dos arcanjos
pude sorrir dentro de um pesadelo.
Galopei em corcéis de asas cortadas
por estradas sem gravidade.
Procurei um cantinho escuro entre as estrelas
onde pudesse me revelar poeira.
com total autoridade
sobre qualquer sentimento
qualquer.
Pierre Tenório
nada mais havia a ser dito
tentei inúmeras vezes sangrar
as pedras inutilmente
De bruços sobre elas
lhes sugava a alma com desvelo
Mirando ao nada
ninei ao som do vento
todas as almas
que os olhos abrigavam
Sozinho pude ouvir
os zumbidos que
acalentavam os ouvidos
Gritos de socorro
pedidos de namoro
pausas dramáticas musicavam o silêncio
preenchiam o vazio vislumbrante
da minha própria alma avessa.
Pisoteei as flores do caminho
extraindo orvalho para os labirintos
venosos do meu corpo árido
Destilei veneno das nuvens
suor de frutas
Hidratei os cabelos com areia das praias
desertas
Bebi toda água do mar como combustível
para apagar o passado.
apagar.
Procurei novos significados para os medos
e com a brutal força dos arcanjos
pude sorrir dentro de um pesadelo.
Galopei em corcéis de asas cortadas
por estradas sem gravidade.
Procurei um cantinho escuro entre as estrelas
onde pudesse me revelar poeira.
com total autoridade
sobre qualquer sentimento
qualquer.
Pierre Tenório
sexta-feira, 6 de maio de 2016
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