quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

tiro ao alvo

28 de janeiro de 2014 às 10:23


Lembro que nunca esqueço

aquele primeiro poema que me foi dedicado na vida,

escrito numa folha de caderno com letras de alfabetização,

era da garota mais bonita da sala.

Mesmo pirralho, me surpreendi por que daquela poesia ser dedicada a mim,

ainda mais da garota que todos os garotos deveriam sonhar por debaixo dos lençóis.

Dias seguintes, ela assumiu para toda sala que gostava de mim,

confesso que foi o meu primeiro choque de dúvida,

não sabia o que fazer, mas sabia que o que mais admirava nela,

além dos seus olhos esverdeados,

eram seus materiais escolares super coloridos e suas roupas de menina adulta,

passei a admirar também sua coragem em assumir um sentimento,

mesmo que infantil, cheio de terceiras intenções e ainda mais para mim,

o alvo pendurado no mural da sala, cheio de dardos e estrelas azuis,

que com o passar do tempo, arderam em chamas.

Confesso que não era exatamente o tipo de garoto ideal. (ainda hoje)

Mas, o importante mesmo nisso tudo, foi o poema;

mesmo que por piedade, a garota demonstrou sentimentos.

E de alguma forma, mesmo que não recíproco,

acendera um turbilhão de outros sentimentos dentro de mim.

Nas minhas impuras maquinagens pueris, ainda pude pensar se ela

futuramente tomaria gosto por sapatos femininos 42, mas, hoje continua

muito bela e casada com um homem ideal, filhos e longe.

Enquanto eu por debaixo dos mesmos lençóis, continuo sonhando não com os mesmos

garotos, mas, com os mesmos dardos.



Pierre Tenório

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