quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

PRÍNCIPE

primeiro, ato:

aquela menina
queria sentir
o cheiro do
mato

mataram
as plantas,
cortaram
as flores;

insistente,
cheirando o vento
inodoro

ela ria,
o odor
da saudade
inundava o jardim
sem dores

agonia quieta
em sinfonias

enquanto a floresta
insistia em
ruínas rimas,
brotavam
amores

de mãos dadas
a madrugada,
catava espinhos
pela ventania

quando o sol
nascia
ela ria,
e alguém
trancava os
portões.

caminhada
na estrada sem
fim,
não haviam cores e
diante atmosfera
ferida,

sorria
a moça

prisioneira
do corpo,
vivo
ou morto;

saudade perpétua

deitada nos restos
matagais
e ao som de quaisquer
sons passados;
assobios.

segundo desato:

através dos
olhares
de um cego

o espírito
acreditava
no gesto de
palavras inúteis,
aprisionadas ao
nada

quietas, passarinhos

enquanto devorava
todas as folhas
sem apetite,
o passado
lhes trazia
heranças que
iam se apagando

em camping
deserto,
jardins de crepom
coloriam

buquês
em rastros
de borracha,
ofuscados
pela fumaça

era paisagem

acendia, acenava, despedia
e sufocava

até abrir os olhos,
no sorriso
do sapo.

não haverão
outras
manhãs.

Pierre Tenório

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