NECROTÉRIO
resíduo de cinza
que abriga a lareira apagada,
numa lasca de lenha
imune ao fogo
do Alasca aquecido;
se livra do gelo
e esquecida pelo vento,
faz um apelo:
se nem queimo
ou regelo,
esqueça-me ao fogo noturno
ou pegue o chinelo
e sobre os restos
de elo;
dissolva-me ao vento
em sopro
ou me oprima
ao chão
em obra-prima lavada
por água e sabão.
Pierre Tenório
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