domingo, 20 de outubro de 2013

desculpa

Tinha pensado uma coisa, pensei outra,
eu havia perdido o teu poema,
aquele que escrevi pra ti.
Não sei pra onde ir, nem se deveria,
ou me atreveria.
Prefiro me queimar, me molhar, me despir,
me trancar e te guardar ali, na brecha
da porta entreaberta, no ferrugem do ferrolho,
no esmalte preto que esvai.
Teria os teus dedos em minhas mãos,
gostaria tanto de tê-los, eu amaria.
Penso tanto, tanto, tanto que despenco,
não sei mais, estou perdido.
Estou infame, insípido.
Idiota escrevo, bebo, tanto bebo, esperaria.
Um qualquer, acordo, velejo nos sonhos,
velejo nos teus sonhos,
velejo nos meus sonhos,
sonho e te vejo.
Venho e vou, te digo e me calo,
te amaria talvez, mas, tenho certeza disso.
O pior é isso.
Cantaria, te cantaria dezenas de vezes,
cantaria pra ti a qualquer hora,
ficaria sem palavras, sem voz.
Confesso que não tenho coragem
de encarar os teus olhos,
seria demais não adora-los.
Repito os mesmos movimentos
a cada madrugada, não reclamo.
Idealizo e materializo os teus olhos.
Tudo seria pior
ao contrário.

Pierre Tenório




Nenhum comentário: