sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Bengala

Existem três tipos de pessoas,
as que nascem exclusivamente pra amar,
as que nascem para esnobar e
tem gente que tão simplesmente nasce
para tampar os buracos dos corações despedaçados.
O sujeito não sofre, não chora (não em público),
as vezes fala algo por instinto, mas, nada que se aproveite.
É sem dúvidas bom de cama, carinhoso,
um ótimo stand by e excelente em algumas coisas,
(trocar lâmpadas, ir ao mercado, consertar coisas...é mestre em consertos),
se contenta com pouco,
ou tanto faz,
as vezes opina. (de bom grado)
Pouco ostenta.
O ser até tenta se apegar (as vezes consegue),
esquecendo que sua função vital é plena e unicamente de
curativo,
tijolo,
mandinga,
coringa,
espinha,
obturação,
band-aid,
remendo,
gole de cachaça,
casca de banana,
durepox,
esparadrapo,
massa de modelar ou
qualquer coisa que ocupe um espaço vazio,
suco de laranja,
aplicativo,
caractere,
música.
Vamos materializa-lo em caco de pedra
(já que se fosse de vidro só pioraria a situação)
para concluirmos a anedota.

Depois de cumprir sua missão,
certificado que a casa está devidamente reformada,
o pedregulho tenta alojar-se
como parte integral da construção, mas,
é tarde demais,
esqueceu que não pagara aluguel a meses
e é simplesmente despejado.
Pelos meio fios das ruas suburbanas,
caminha solitário, amargo e duro,
é aproveitado e reaproveitado até sua velhice,
quando para sua esperança
é encontrado por um grupo de crianças
que decide brincar de amarelinha.

Pierre Tenório

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