Nunca gostei de piadas, nunca tive paciência para premeditar meu riso 
também não significa que eu não tenha senso de humor, apenas sou 
uma garota sem paciência para ouvir piadas e ter que achar graça;
mas, no meio dessa bobagem toda eu descobri um prazer quase invisível 
em narrar piadas, na verdade em escrever piadas, criar e tirar de dentro do meu 
útero: 
piadas 
e ao invés de esperar o riso,
sorrio da ira alheia 
do ódio nos olhos 
da seriedade súbita
da falta de paciência 
por não haver graça em minhas piadas e isso alimenta 
a minha vontade de viver
dá até uma dor no peito, um aperto no estomago, uma vontade desgraçada 
de rir. 
isso me faz bem;
foi a forma que encontrei de me livrar dos piadistas sem coração.
Sempre acharam que eu era uma piada, começando quando eu digo que meu nome é 
Cleide, fico observando um esboço de riso dentro dos olhos, pois que sempre 
fingi que não percebia, na escola, na rua, nas calçadas, 
e na igreja, ainda 
queriam vestir minhas roupas e pentear meus cabelos
isso também me fez rir por um bom tempo, hoje não preciso rir 
de mais ninguém, pois sou dona do meu corpo, das minhas atitudes e do meu nome;
gosto do riso espontâneo
mesmo que seja de mim mesma
bem distante de mim, eu mesma. 
O melhor das piadas sempre serão os entendedores 
Pierre Tenório 
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário