fui assassinado 
e deixaram meu corpo
com todos os sentimentos 
intactos e profundamente 
enterrados sob a carne 
crua e podre 
e nos ossos 
havia pena e tinta
isso, os ossos 
sobrevoando a terra firme 
das palavras 
tatuadas por debaixo
da pele carnal 
e limpa
fui assassinado 
pois que nunca 
sobrevivo aos momentos 
que te amo
isso mesmo, você existe 
e me matou 
carinhosamente 
quando disse boa noite 
e a lua se tornou poeira 
diante os olhos 
e o corpo escreveu 
a última palavra 
do poema vivo
não é fácil sobreviver 
aos pedidos de 
despedidas 
apago os eu te amo 
da lista telefônica 
ainda não te morri
Pierre Tenório
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário