quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

fui assassinado
e deixaram meu corpo
com todos os sentimentos
intactos e profundamente
enterrados sob a carne
crua e podre
e nos ossos
havia pena e tinta

isso, os ossos
sobrevoando a terra firme
das palavras
tatuadas por debaixo
da pele carnal
e limpa
fui assassinado
pois que nunca
sobrevivo aos momentos
que te amo

isso mesmo, você existe
e me matou
carinhosamente
quando disse boa noite
e a lua se tornou poeira
diante os olhos
e o corpo escreveu
a última palavra
do poema vivo

não é fácil sobreviver
aos pedidos de
despedidas

apago os eu te amo
da lista telefônica
ainda não te morri

Pierre Tenório

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