Nada mais me faz fumar
um cigarro sequer na ânsia
de algo qualquer, lembrança
ou toda palavra cansada
que atinge os dias
sem graça
Comecei ler Dostoiévski
um romance em noite brancas
a paixão não me achou
a solidão do sonhador
também nada
em pontes frias
Sobrevivendo ao fundo
das águas todas do mundo
no silêncio de si
nas palavras do sol
que dói em mi
dias escuros
O olhar das nuvens, discreto
me adentra céu aberto
E o consagrado do livro
escorre pelos destinos.
Não me transfiguro
Pierre Tenório
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