temos uma linda felicidade
de plástico
igual os carros da infância
que atropelam nada mais
que os próprios medos
de alumínio
a ferrugem não alcança
nossa pele luminosa
de avessos
o futuro é tão imediado
quanto as incertezas
Pierre Tenório
sexta-feira, 27 de novembro de 2015
quarta-feira, 18 de novembro de 2015
depois de uma longa semana de pesadelos, no silêncio que me punha
pude ouvir cada nota fora do tom que a música pedia nos ensaios,
aquilo martelava como as cordas de um piano.
distante das geografias do teu corpo, escalei montanhas de lama
à procura de lugares seguros pra descansar o juízo que condena
diariamente nossos atos.
e enquanto o ouvido já pensante construía tudo que queria,
insistindo em não ouvir o desprezo que desafina os olhos,
a boca solfejava uma melodia que quase implorava por acordes:
-meu bem, é preciso aceitar o fado
de amar e se amar sem ser escravo.
Pierre Tenório
.
pude ouvir cada nota fora do tom que a música pedia nos ensaios,
aquilo martelava como as cordas de um piano.
distante das geografias do teu corpo, escalei montanhas de lama
à procura de lugares seguros pra descansar o juízo que condena
diariamente nossos atos.
e enquanto o ouvido já pensante construía tudo que queria,
insistindo em não ouvir o desprezo que desafina os olhos,
a boca solfejava uma melodia que quase implorava por acordes:
-meu bem, é preciso aceitar o fado
de amar e se amar sem ser escravo.
Pierre Tenório
.
domingo, 8 de novembro de 2015
CASCAVEL
posso sentir de longe
o cheiro da tua pele
meu nariz não alcança
insisto em lamber o medo
na secura que abriga-me os lábios
no fundo do teu segredo
e até propor uma dança
com as sobras da esperança
por mais pequena que seja
é meu presente ao chão
que insistes em desbravar
nu corpo em meus pensamentos
no toque que sempre corre
esse é o tipo de amor
que alimenta a vida;
rastejarei sorrateira
pra alma sugar por inteira.
Pierre Tenório
posso sentir de longe
o cheiro da tua pele
meu nariz não alcança
insisto em lamber o medo
na secura que abriga-me os lábios
no fundo do teu segredo
e até propor uma dança
com as sobras da esperança
por mais pequena que seja
é meu presente ao chão
que insistes em desbravar
nu corpo em meus pensamentos
no toque que sempre corre
esse é o tipo de amor
que alimenta a vida;
rastejarei sorrateira
pra alma sugar por inteira.
Pierre Tenório
sexta-feira, 6 de novembro de 2015
AFOGADO
queria sair correndo
pro longo abismo que crio
a cada passo que deixo
nas profundezas de mim
me desmanchar no caminho da queda
engolir objetos que nunca digiro;
vomitando pedaços e
desatando os laços
do meu vestidinho
pra morrer bem nua
na tua.
queria seguir os caminhos
que insistes despistar
comer alpiste em gaiolas
pra poder me libertar
e ser cozido a lenha
em fogões sem bocas falantes;
podemos ser nosso prato
principalmente quando
ainda estivermos vivos
aos prantos embriagados
com o doce sangue de Cristo;
brincaremos com as hóstias
derramaremos vinho
vamos fazer no altar
o amor de Deus ser real
daí
iremos direto pro inferno
queimar todas as verdades
afinal de contas
você sempre ri de mim
e dessas minhas blasfêmias
quando adentramos a igreja
pra fotografar os santos;
- você precisa sempre postar todos os momentos?
vestimos tudo que é de mentira
e o mundo há de nos despir
sempre
pois no fundo
a queda é sempre rasa
sentiremos ou não
os nadas.
Pierre Tenório
queria sair correndo
pro longo abismo que crio
a cada passo que deixo
nas profundezas de mim
me desmanchar no caminho da queda
engolir objetos que nunca digiro;
vomitando pedaços e
desatando os laços
do meu vestidinho
pra morrer bem nua
na tua.
queria seguir os caminhos
que insistes despistar
comer alpiste em gaiolas
pra poder me libertar
e ser cozido a lenha
em fogões sem bocas falantes;
podemos ser nosso prato
principalmente quando
ainda estivermos vivos
aos prantos embriagados
com o doce sangue de Cristo;
brincaremos com as hóstias
derramaremos vinho
vamos fazer no altar
o amor de Deus ser real
daí
iremos direto pro inferno
queimar todas as verdades
afinal de contas
você sempre ri de mim
e dessas minhas blasfêmias
quando adentramos a igreja
pra fotografar os santos;
- você precisa sempre postar todos os momentos?
vestimos tudo que é de mentira
e o mundo há de nos despir
sempre
pois no fundo
a queda é sempre rasa
sentiremos ou não
os nadas.
Pierre Tenório
quinta-feira, 5 de novembro de 2015
domingo, 1 de novembro de 2015
DO SANGUE QUE ESCORRE
descanso sem fome
comi toda vida
na noite de ontem
por um só momento
me desconstruí
achei que não era
capaz de fingir
invadindo os fins;
de dentro para fora
há de chegar tua hora
e o fogo tomará conta.
nem sei se estou morta
só quero tomar pra mim
qualquer juventude rubra
no vão das mentes espertas
há sempre uma porta aberta
terei que ficar por fora
transmutando las piedras
em desumanas obras
está nos pingos das velas
está nas gotas de esperma
está no fio da veia
também no medo das tintas
que escorrem lente às telas
estarão profundamente
os buracos dos olhos
aterrorizando o amor.
Pierre Tenório
descanso sem fome
comi toda vida
na noite de ontem
por um só momento
me desconstruí
achei que não era
capaz de fingir
invadindo os fins;
de dentro para fora
há de chegar tua hora
e o fogo tomará conta.
nem sei se estou morta
só quero tomar pra mim
qualquer juventude rubra
no vão das mentes espertas
há sempre uma porta aberta
terei que ficar por fora
transmutando las piedras
em desumanas obras
está nos pingos das velas
está nas gotas de esperma
está no fio da veia
também no medo das tintas
que escorrem lente às telas
estarão profundamente
os buracos dos olhos
aterrorizando o amor.
Pierre Tenório
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