sexta-feira, 3 de outubro de 2014

O SILÊNCIO DE VIRGÍNIA

Virgínia saiu disposta
a trucidar seu amante,
despindo o doce semblante.

Das tripas fez um colar;
batom vermelho de sangue,
brincos de olhos, um par.

Com a pele fez um vestido,
quebrou dois ossos, os saltos,
seu sentimento ferino.

Queria se sentir linda
plenamente amada,
de ódio estava banhada.

O nariz tornou-se pingente
a rodopiar o pescoço
que a meses não sentia dentes.

Das panturrilhas fez travesseiros
com as orelhas um tapa olhos,
pra não enxergar terceiros.

Jogou fora o fígado alcoólatra
jogou fora os pés calçados
jogou fora os pensamentos;
cérebro despetalado.

O coração pôs num relicário
para o amor ficar para sempre
inteiramente intacto.

Costurou a boca em sua vagina
virginiana e para sempre
silenciada.

Pierre Tenório

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