O SILÊNCIO DE VIRGÍNIA
Virgínia saiu disposta 
a trucidar seu amante,
despindo o doce semblante.
Das tripas fez um colar;
batom vermelho de sangue,
brincos de olhos, um par.
Com a pele fez um vestido,
quebrou dois ossos, os saltos,
seu sentimento ferino.
Queria se sentir linda 
plenamente amada,
de ódio estava banhada.
O nariz tornou-se pingente
a rodopiar o pescoço
que a meses não sentia dentes. 
Das panturrilhas fez travesseiros
com as orelhas um tapa olhos,
pra não enxergar terceiros. 
Jogou fora o fígado alcoólatra
jogou fora os pés calçados
jogou fora os pensamentos;
cérebro despetalado.
O coração pôs num relicário
para o amor ficar para sempre
inteiramente intacto.
Costurou a boca em sua vagina
virginiana e para sempre 
silenciada. 
Pierre Tenório
 
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