sábado, 24 de setembro de 2016

mundo invisível
sei que estou errada
um pouco distante
engulo palavras
vomito diamantes
brutos como a força
da fragilidade
cega estou de tanto ouvir ver
amo-te tão só
por falar
por vaidade
me embaralho
depois descarto
tarot imaginário
imagina teu futuro
quero ter um filhote
será que somos
matérias primas
onde estão os astromóveis
onde estão
as interrogações
as horas
somos espelhos
disto não estou errada

Pierre Tenório
para mim, todos os dias são primaveris
quando acordo e me deparo
com o espelho despetalado
me descabelo
me abro


Pierre Tenório

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

DURANTE AULAS

escrevo cartas de suicídio
saudando inúteis despedidas
despejo o que parece vivo
no entanto não faz mais sentido

segundos simulam anos
quando nos castram os sonhos

submerso no silêncio
torturo qualquer pensamento

vivo por indas e vindas
alimentando dilemas
assumo o papel de herói
que salva da morte
poemas

tp

sábado, 10 de setembro de 2016

desertificado meu corpo
levita por entre sonhos
teu cheiro abraça o casaco
que esqueceste em meu quarto
aquece o frio que sinto
numa frequente distância
a qual meu pau não alcança

teso feito iceberg
derrete-se pelos caminhos
a língua secando lágrimas
que escorrem pelas miragens
dentes mastigam pedaços
de pequenos arrepios
o cu reponta aos risos

solitude vampira
puta deusa bandida
olha no olho profundo
suga-me o sangue infecundo
uiva como o vento
toca tua buceta
com maremotos nos dedos.

Pierre Tenório


















sexta-feira, 9 de setembro de 2016

ganhando tempo
perdendo tempo
fazendo merda

sinto que estou ficando doente
perdido no meio dos poemas e das
manifestações

o mundo num girassol
ecoando raios
despetalando-se

pareci patética
quando me dei conta
que não sei lidar

nem com palavras
nem matemática
raiz quadrada
letras de forma

pensei que pudia
destransformar pedras

música não fica velha,
eu que ando pensando demais
em como engolir frutas podres

colhidas do jardim do éden.

Pierre Tenório








sexta-feira, 2 de setembro de 2016

queria ver o mar
o mar não me quer ver
voltar

só pode estar de onda;

mandou um bilhetinho
dentro de uma garrafa.

bebi a água salgada
achando que era cachaça
encontrei um marujo
perdido nos meus olhos

tentando escapar
das águas profundas do mar

o mar só quer me ver
chorar.

Pierre Tenório

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

ando com medo das palavras prisioneiras
reféns de mim elas não tocam a pele
fumei uma bíblia inteira semana passada
e as palavras queimaram como brasa
subi a escadaria da igreja
o sino não ousava falar nada
o eco ressoava nas paredes
e portas e frestas e esperas
ando com medo de andar pelas línguas
escorregar na saliva dos falsos
profetas
dormi esperando o poema
sonhar
ele não sabe a razão do meu medo
de andar
acordei cansado como se tivesse corrido
à procura da feira das vaidades.

Pierre Tenório