ando com medo das palavras prisioneiras
reféns de mim elas não tocam a pele
fumei uma bíblia inteira semana passada
e as palavras queimaram como brasa 
subi a escadaria da igreja 
o sino não ousava falar nada 
o eco ressoava nas paredes 
e portas e frestas e esperas 
ando com medo de andar pelas línguas 
escorregar na saliva dos falsos 
profetas
dormi esperando o poema 
sonhar
ele não sabe a razão do meu medo 
de andar 
acordei cansado como se tivesse corrido
à procura da feira das vaidades.
Pierre Tenório
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário