ADIVINHAÇÃO:
não há de vir ações.
Pierre Tenório
terça-feira, 14 de outubro de 2014
domingo, 12 de outubro de 2014
VARAL
o elástico das cuecas está bem
folgado
sinto muito amarrar as calças
com fitas de cetim desfiadas
onde estão os corpos
onde está o nome santo
onde estão as interrogações
onde estou
no começo da ponte
recém-casada
buraco negro
na lama
iluminada
nadando
afogado.
sinto muitas contrações
mas, meu filho está
morto
se mexendo
dentro
da cabeça,
preciso vomitar
mais um pouco
de leite
no buraco
preto
onde vejo
além do menos.
Pierre Tenório
o elástico das cuecas está bem
folgado
sinto muito amarrar as calças
com fitas de cetim desfiadas
onde estão os corpos
onde está o nome santo
onde estão as interrogações
onde estou
no começo da ponte
recém-casada
buraco negro
na lama
iluminada
nadando
afogado.
sinto muitas contrações
mas, meu filho está
morto
se mexendo
dentro
da cabeça,
preciso vomitar
mais um pouco
de leite
no buraco
preto
onde vejo
além do menos.
Pierre Tenório
sexta-feira, 10 de outubro de 2014
segunda-feira, 6 de outubro de 2014
domingo, 5 de outubro de 2014
sexta-feira, 3 de outubro de 2014
O SILÊNCIO DE VIRGÍNIA
Virgínia saiu disposta
a trucidar seu amante,
despindo o doce semblante.
Das tripas fez um colar;
batom vermelho de sangue,
brincos de olhos, um par.
Com a pele fez um vestido,
quebrou dois ossos, os saltos,
seu sentimento ferino.
Queria se sentir linda
plenamente amada,
de ódio estava banhada.
O nariz tornou-se pingente
a rodopiar o pescoço
que a meses não sentia dentes.
Das panturrilhas fez travesseiros
com as orelhas um tapa olhos,
pra não enxergar terceiros.
Jogou fora o fígado alcoólatra
jogou fora os pés calçados
jogou fora os pensamentos;
cérebro despetalado.
O coração pôs num relicário
para o amor ficar para sempre
inteiramente intacto.
Costurou a boca em sua vagina
virginiana e para sempre
silenciada.
Pierre Tenório
Virgínia saiu disposta
a trucidar seu amante,
despindo o doce semblante.
Das tripas fez um colar;
batom vermelho de sangue,
brincos de olhos, um par.
Com a pele fez um vestido,
quebrou dois ossos, os saltos,
seu sentimento ferino.
Queria se sentir linda
plenamente amada,
de ódio estava banhada.
O nariz tornou-se pingente
a rodopiar o pescoço
que a meses não sentia dentes.
Das panturrilhas fez travesseiros
com as orelhas um tapa olhos,
pra não enxergar terceiros.
Jogou fora o fígado alcoólatra
jogou fora os pés calçados
jogou fora os pensamentos;
cérebro despetalado.
O coração pôs num relicário
para o amor ficar para sempre
inteiramente intacto.
Costurou a boca em sua vagina
virginiana e para sempre
silenciada.
Pierre Tenório
quinta-feira, 2 de outubro de 2014
ESTATI(STI)CO
lembro-me como hoje da vez que tentaram me matar,
o que era para ser uma noite de sexo casual com algum
desconhecido,
tornou-se a noite mais importante da minha vida medíocre.
eu estava prestes a descobrir que objetos não tem sentimentos,
mas, transbordam emoções.
era incrível o ódio que ele me batia insistentemente, eu que só
queria ama-lo um pouco, como amo meu abajur;
não sentia dor alguma, nem esboçava qualquer tipo de reação,
nem mesmo quando minha roupa foi inteiramente rasgada,
asfixia barata, ou quando um cabo de vassoura foi introduzido
em meu orifício analítico e meu corpo serviu como tela para
uma obra defeca;
sofria pacificamente, como quem já perdeu a guerra.
apelei pra virgem maria em algum momento, não sei se ela interviu
mas, com certeza o pároco diria que eu estava pagando os meus
pecados.
prefiro acreditar que tenho poderes mágicos e que
o meu silêncio me salvou.
não, esta não é uma história de superação e
está longe de ser.
quando comecei a amar pessoas, descobri que não há muita
diferença entre elas e o agressor homofóbico,
(que fora assassinado meses depois)
ele foi perverso e verdadeiro em suas atitudes;
queria acabar comigo.
os (poucos) caras que amei até hoje depois do incidente
beijaram-me o corpo, escreveram poemas, me deram presentes,
fizeram acreditar que eu era realmente importante;
e acabaram comigo,
espancaram os meus sentimentos.
a noite mais importante da minha vida medíocre;
a noite em que me tornei objeto.
Pierre Tenório
lembro-me como hoje da vez que tentaram me matar,
o que era para ser uma noite de sexo casual com algum
desconhecido,
tornou-se a noite mais importante da minha vida medíocre.
eu estava prestes a descobrir que objetos não tem sentimentos,
mas, transbordam emoções.
era incrível o ódio que ele me batia insistentemente, eu que só
queria ama-lo um pouco, como amo meu abajur;
não sentia dor alguma, nem esboçava qualquer tipo de reação,
nem mesmo quando minha roupa foi inteiramente rasgada,
asfixia barata, ou quando um cabo de vassoura foi introduzido
em meu orifício analítico e meu corpo serviu como tela para
uma obra defeca;
sofria pacificamente, como quem já perdeu a guerra.
apelei pra virgem maria em algum momento, não sei se ela interviu
mas, com certeza o pároco diria que eu estava pagando os meus
pecados.
prefiro acreditar que tenho poderes mágicos e que
o meu silêncio me salvou.
não, esta não é uma história de superação e
está longe de ser.
quando comecei a amar pessoas, descobri que não há muita
diferença entre elas e o agressor homofóbico,
(que fora assassinado meses depois)
ele foi perverso e verdadeiro em suas atitudes;
queria acabar comigo.
os (poucos) caras que amei até hoje depois do incidente
beijaram-me o corpo, escreveram poemas, me deram presentes,
fizeram acreditar que eu era realmente importante;
e acabaram comigo,
espancaram os meus sentimentos.
a noite mais importante da minha vida medíocre;
a noite em que me tornei objeto.
Pierre Tenório
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