sábado, 31 de agosto de 2019

meio fio

a primeira
vez que andei
de metrô
aquele mar
de gente igual
a mim, me fez mais
feliz
sentei-me
ao teu lado
e discretamente
fui acompanhando
os versos
do livro
de letras
que tinhas
nas mãos.
encontro
um poema
na margem
do asfalto
e ele é
meu
alguém
lançou
minha alma
no asfalto
quando a rua
nem tinha
assaltos
pela rua
ainda
o poema
era meu
jogaram papeis
folhetos
na rua recém
assaltada
pela prefeitura
anteontem
a cidade
não tinha poema
nem asfalto
não assalto ninguém
encontro você
perdida na rua
com livros
de letras nas mãos
o que tu lerias
com olhos de ódio
e amor de cão?
meu rosto subindo
o asfalto
do morro perdido
com livros
escritos a mão
mirando gatilhos
fora do perigo
um pedido
de abraço
embora
sempre digas, não.
a primeira
vez que andei
de metrô
aquele mar
de gente igual
a mim, me fez mais
feliz
sentei-me
ao teu lado e li.


gosto mesmo de compor colar
vender manuscrito roubar
alguns versos pra nada
eu adoro amo palavra
descrita a mão e por vezes
borrada, narrada
errada na tentativa boba
de fugir do sistema que cafona
é poema problema meu né
poema nossa senhora ta louca
hahaha
encontrei minha alma
publicada no chão
de um bar onde mesmo vendi
onde ainda bebi trêbada
foda-se era ela que estava
ali não mais eu jogada
pela água do esgoto
gota por gota que desce-me
ao rosto.

minha alma lavada
pela água do esgoto
e ainda me chama de escroto
ou escrota.

vou morrer

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

as vezes
pareço
um robô

na frente
do com
puta dor

quase
sem memó
ria, robô

do tipo
que sente
calor


pierre
MILAGRE

dividir em dois
pra comer depois.

pierre

terça-feira, 27 de agosto de 2019

num ponto algum da aresta
há floresta
areias
alguma luz que reflita
meu peito que à ti se presta
como resta
restia
para terminar
o que não somos
ou pensamos que não
e pensar
reterminando
a determinação
dos parênteses
contabilizo
as vezes
que avistei
a beira mar
que não me
alcança
para germinar
que não podemos
não ser
o que nos
querem
os poemas
o que os poemas
queiram que seja
a nossa
falha única
de despejar
amores,
horas.

pierre


segunda-feira, 26 de agosto de 2019

sonhei
que você
fabricava
uma caixa
com todos
os seus
lançamentos
da vida
custava
bem caro
custava
um bom dia.

pierre

domingo, 25 de agosto de 2019

já tinha passado a hora;
de juntxs irem-se embora.
estou morrendo
de sono
principalmente
de saudade também
estou morrendo
e você me assiste
no chão na varanda
você que sabe
tudo sobre
você
sabe
que é sábio
estou morrendo
e você me assiste
distante
acorda
me acorda
dorme
durma
dor

paixão
sem querer
mais
te querer
mais

pierro

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

você é bonito
você é bonito
você é bonito
você é bonito

você é bonito
você é bonito
você é bonito
você é bonito

você é bonito
você é bonito
você é bonito

você é bonito
você é bonito
você é feio,

pierre
até parece
que ele não
se matou
até parece
que não
o mataram
até parece
que o peixe
não se
afogou
até parece
que fogo
não nos
queimou.

Pierre
diria até
que é mentira
o fato de
abraçar você
no corpo
do meu
travesseiro
diria até
que é mentira
te atravessar
com a força
da minha mão
solitária
até diria
uma mentira
pra ter você
um pouco mais
perto.

diria até
que sou
louca.

pierre
é bem provável
que a madonna
gritaria por
teus beijos
calaria tua
boca e tua
pica ficaria
mole de emoção
é bem provável
é insensato tua
presença ao meu
lado sem querer
ser único
idiota sínico
e safado
alguém acima
do algo do álcool
em cima de mim
sobrevivo
na esperança
da tua presença
química.


pierre

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

quando
ofereço
meus livros
de poesia
algumas
pessoas
riem
da minha
cara
e dizem:
vou
comprar um
para te
ajudar
sem saberem
o quanto
também
estão sendo
ajudadas
mesmo
não sendo
de auto
ajuda.

pierre

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

deitei preocupado
pausei o pornô
apaguei o cigarro
derramei a cachaça
engoli o pigarro
divaguei um pouquinho
fiquei desesperado
dormi pensando que
não estava acordado
só que até o sonho
era mal assombrado
pensei que era passado
e logo quando acordei
já estava atrasado
perdi voo
perdi carro
perdi dois, três
namorados
fumei dois, três
baseados
sou otário
e nesse caso
não me encha
mais o saco.

só se for de dinheiro
meu amor ou uma suposição
de amor.
é preciso
ver de longe
pra saber
o que há
de perto

e o que nunca
e nunca
e nunca
e nunca
e nunca

esteve perto
de estar certo
se é o que há
para saber
apreender
desenvolver
as vezes é
bem pior ter
um namorado
imaginário.


pierre

perdi a
perdi a carona
perdi o voo
perdi a obra
perdi a hora
perdi o tempo
perdi você
perdi o juízo
perdi a cabeça
perdi a razão
perdoa

a culpa foi do baseado

terça-feira, 20 de agosto de 2019

conversando
com um
poeta
comum
como eu
que não
sabe como
ainda
escreve
mas quando
escuta
o som
da vida
se desmorona
se simplifica

se a força
com que sopras
certas palavras
fervesse
o sangue
que arde
em meus olhos
ou fizesse
parar
o fogo
que queima
a floresta
amazônica

me lançaria
entre as chamas

para ouvir
o que clamas.


pierre

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

meu rosto
reflete 
nas águas
teu rosto
dois rios
que fluem
do corpo
ao corpo
em banhos
de lágrimas
frias
tua face
sorrindo
mergulha
na minha
voos perdidos

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

peço
perdão
e me despeço

esqueço
versos
disperso
os levo

desvelo
dias
até decreto
deserto

meu sonho
elevo
levanto
e rezo

para que logo
voltes
do silêncio
da morte.


pierre






quinta-feira, 15 de agosto de 2019

arranco
a espada
que trago
no peito

e finco
no escudo
do homem
que amo

declarando paz
de rapaz
pra rapaz.

pierre
Uma garota
vai à igreja
agarrada
ao seu filho
que volta
para casa
no meio
do caminho
agarrado
ao desespero
de perder
sua mãe
por um tiro
Cristo
chorou
sentado
em seu templo
ao saber
da notícia
enquanto
assistia
o Jornal
Nacional

Isto não é um poema
muito menos blasfêmia.

pierre tenório

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

alguns poetas
viverão para sempre
ainda que
seus poemas passem
o único dia
de suas vidas voando
pelo jardim de casa.

pierre
parece um leão
aquele que guarda
o teu coração.

pierre

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

colar
os poemas
no zine
é algo
difícil
as vezes
uma página
gruda
na outra
e elas
se tornam
apenas uma

os poemas
se abraçam

e quando os separo
eles se rasgam
se despedaçam

pierre tenório


domingo, 11 de agosto de 2019

eu sou
o homem
que amo.

pierre tenório

sábado, 10 de agosto de 2019

teu poema
cresce
devagar
na minha
boca
minha
língua
lambe
louca
teu poema
escorre
na garganta
é meu
café
almoço
e janta.

pierre

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

humores
rumores
tremores

pierre t.
eis que
a forma
como
desorganiza-se
o pensamento
por si
já é
a obra
de arte
então
não precisa
rir, nem amar
odiar
o que faço
ou não faço
ou deixo
de lado.

pierre tenório




quinta-feira, 8 de agosto de 2019

hoje não
quis ver
tv

me deixa
triste
te ver

triste
como eu
me vês?

preciso
que vejas (venhas)
de vez.

pierre

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

o ato
de poder
preparar
o próprio
jantar
preparar-se
para comer
e
ter forças
para lutar
o ato
de ter algo
para poder
mastigar
agradar-se
de si
da força
de si
a força
que brota
do eu
para o te.

pierre tenório

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

nem sempre quando
estamos ótimos
consigo mesmos
estamos ótimos
com outras óticas
com outros olhos
longos protótipos
longe do lógico
fora do óbvio
mas, sempre quando
estamos gotas
lágrimas fontes
milagres montes
estamos ótimos
péssimos ótimos
óculos claros
traços sarcásticos
manhãs escuras
lindas manhãs
escuras de chuva.

pierre tenório
AMACIANTE

as palavras chave
deste poema
são casaco
e abraço

penso que um
reveste
o outro

um lavei ontem
o outro
antes de hoje
e hoje e hoje

um fica
o outro vai
e nos fascina

e fica, fica
sempre jamais.

pierre tenório