sábado, 28 de abril de 2018
dessa vez fui hospedado num hotel de quarto vago
letras nas paredes esboçavam algodão doce
camas, eram três camas com lençóis esfarrapados
eu pisei o chão do espaço sem querer deixar pedaços
tive que ficar ali por mais de uma semana
nem para o papel me entreguei para um papel
a escrivaninha se compôs ajoelhada
ao pé da chama minhas pernas deslizaram
e pelo teto estrelado em formato de balão o chiclete explodiu dentro do bolso do short
procurei a janela de saída
me perdi nos corredores de um bosque
onde as árvores despidas clamam máscaras
esqueci o nome no caderno
costurei minha boca com as linhas
na promessa de gritar rasgando os lábios
e entre as curvas dos planetas
fluir feito gametas
sangram.
Pierre Tenório
letras nas paredes esboçavam algodão doce
camas, eram três camas com lençóis esfarrapados
eu pisei o chão do espaço sem querer deixar pedaços
tive que ficar ali por mais de uma semana
nem para o papel me entreguei para um papel
a escrivaninha se compôs ajoelhada
ao pé da chama minhas pernas deslizaram
e pelo teto estrelado em formato de balão o chiclete explodiu dentro do bolso do short
procurei a janela de saída
me perdi nos corredores de um bosque
onde as árvores despidas clamam máscaras
esqueci o nome no caderno
costurei minha boca com as linhas
na promessa de gritar rasgando os lábios
e entre as curvas dos planetas
fluir feito gametas
sangram.
Pierre Tenório
terça-feira, 17 de abril de 2018
péssima atriz
sonhei que o caminhão do faustão
estacionou na minha horta e passou por cima
de alguns ramos recém plantados;
a casa própria ficou parada em frente
da casa onde moro
e eu mandei-os embora
guardei a foto da porta
e fechei os poros da face
fiz uma careta na frente do espelho
e todo mundo me entendeu
finalmente choquei os ovos
e daqui a pouco beberei sangue
colherei as frutas verdes
para saciar a fome
dos poetas
sem fome
e a sede
dos poetas
sem nome
à zelar
assinar;
o olhar é uma ferramenta
que nos persegue
e difere.
mudo de ideia
Pierre Tenório
sonhei que o caminhão do faustão
estacionou na minha horta e passou por cima
de alguns ramos recém plantados;
a casa própria ficou parada em frente
da casa onde moro
e eu mandei-os embora
guardei a foto da porta
e fechei os poros da face
fiz uma careta na frente do espelho
e todo mundo me entendeu
finalmente choquei os ovos
e daqui a pouco beberei sangue
colherei as frutas verdes
para saciar a fome
dos poetas
sem fome
e a sede
dos poetas
sem nome
à zelar
assinar;
o olhar é uma ferramenta
que nos persegue
e difere.
mudo de ideia
Pierre Tenório
quinta-feira, 12 de abril de 2018
quarta-feira, 11 de abril de 2018
VAI
não é de costume, mas, ele correu.
não sabe a verdade, mentira ou identidade;
se mostra valente, tão inconsequente, vadio,
vulgar.
não faz de conta, nem se apronta
pra aprontar, afronta;
conta mais nãos do que sinos na agenda
do celular, alarmes não o amedrontam.
ele se esvai dentre rios vazios;
areia, poeira e espaço.
garfos e facas o cortam e furam,
o amor não o cura.
ele me esconde segredos revelados
ao mundo pequeno das fotos;
expõe suas próprias fraquezas
em mesas sem nenhuma cadeira.
Pierre Tenório
não é de costume, mas, ele correu.
não sabe a verdade, mentira ou identidade;
se mostra valente, tão inconsequente, vadio,
vulgar.
não faz de conta, nem se apronta
pra aprontar, afronta;
conta mais nãos do que sinos na agenda
do celular, alarmes não o amedrontam.
ele se esvai dentre rios vazios;
areia, poeira e espaço.
garfos e facas o cortam e furam,
o amor não o cura.
ele me esconde segredos revelados
ao mundo pequeno das fotos;
expõe suas próprias fraquezas
em mesas sem nenhuma cadeira.
Pierre Tenório
quarta-feira, 4 de abril de 2018
segunda-feira, 2 de abril de 2018
Pela janela
encontrei um poema
daqueles
que se guarda
na escrivaninha
e ele nunca atinge
o fundo da gaveta
beijo-te os pés
para abrir os caminhos
do verso dos versos
poema discreto
como quando
me declamas
cartas
pelo pensamento
erro a ortografia
quando me deleito
sobre o corpo
de tu, poema
e confundo
minha língua
com teus outros
idiomas
te domino e
você me flui
como um poeta
maldito, dentro
de um poema irretocável.
Pierre Tenório
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