sábado, 9 de setembro de 2017

KILAUEA

Parei de me ocupar
deixei aquela onda
invadir todo fogo
da erupção
só um pedacinho
da minha memória
é re-inflamada

Vivendo a morte
deste coração
invento coragens
pra não ser imagem
de qualquer ser vão
quarto descartável
seres implacáveis

Por dentro invadem
o que fora fodem
fedem
fadam
flores
flertam
figas

Nos dedos destorcem
amores por sorte
inventadas fugas
aos pés rachaduras
das plantas os galhos
enaltecem lábios
agoando luvas

Línguas se confundem
com dedos e os nomes
e os monges e as ervas
cartazes abraçam
não somos mais elas
pormenores falam 
mudamos iguanas.

Vamos surfar nas larvas
que acalcam nossas praias

Pierre Tenório

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