quinta-feira, 28 de setembro de 2017

QUEDA LIVRE

Lancei as retinas da varanda
pra ver se alcançava liberdade

Os olhos quase cegos se enganam
achar que toda porta tem uma chave

Sobrevoei os campos corpos casas
e não consegui enxergar nada

Caí quando não abri a asas
senti quando caminhei sozinho

Fugi dos perigos do caminho
morri com o odor do amor comigo.

Pierre Tenório

terça-feira, 26 de setembro de 2017

desculpa se te agridoce com poesia

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Janelas

Enterrei alguns dos meus dentes queridos
pra num dia triste recolher sorrisos

desde então vivo de boca fechada
tentando evitar palavras erradas

quando todo mundo ri da minha cara
volto pra casa e choro sozinha

lembro das sementes que arranquei
e nunca vi fada madrinha;

já quando penso em teu riso
me perco no paraíso.

dos sonos perdidos

Pierre Tenório

Quase sempre que me masturbo penso nas mesmas garotas, lugares que conheço bem, no entanto nunca naveguei, paisagens espetaculares longe do meu alcance, daria até pra viajar a pé.
E eu fico aqui viajando a mão.
As vezes penso em pegar um busão e sair por aí, de praia em praia, distribuindo simpatia e vendendo picolé, mas sou um cara preguiçoso, que também não reclama por ficar em casa assistindo o mesmo capítulo da mesma novela.
O trabalho também é uma viagem, sou um cara bem hétero, e católico, sei que é pecado mas também me pego aportando as ilhas privadas dos meus colegas, é quando sinto que estou adoecendo e dou um jeito de conseguir atestado.
As coisas não estão boas pra gente ficar saindo na rua, queria ir mesmo pra outro país, enquanto termino de construir minha casa na árvore.
Em qualquer espaço o ruim mesmo é quando a internet cai.

Pierre Tenório

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

enterrei alguns dos meus dentes queridos para no futuro colher sorrisos
esqueci que ainda estou vivo refletindo sobre o perigo de esperar nascer

por isso ninguém vai com a minha cara.

Pierre Tenório
MARCADOR DE PÁGINA

longe o amor
esteve mofado
dentro do livro
de poesia

durante tempos

quando abri
tomei um susto
logo que li
versos de vento

correndo os olhos

não acredito
em tudo lido
por isso dizem
que amar é cego

ainda insisto

passar momentos
colhendo flores
onde há cimento
sobre sementes

me fragmento.

Pierre Tenório







quarta-feira, 20 de setembro de 2017

me denuncio
abro inquéritos
me interrogo
não me descubro
me calunio
não me desminto
me acredito
quando sorrio
da minha cara
me arrepio
não sou culpada
me absorvo
livre e chapada
subindo o morro.

Pierre Tenório

terça-feira, 19 de setembro de 2017

nesse causo
eu examino o psicologico
ele me diagnostica
e discreto

prescreve:
dois dedo no cu
língua na buceta
3 horas de pornô HT

me dá um chupão na língua
e grita:
próoooximo;

ganho alguns dias de licença viadage

Pierre Tenório

sábado, 9 de setembro de 2017

KILAUEA

Parei de me ocupar
deixei aquela onda
invadir todo fogo
da erupção
só um pedacinho
da minha memória
é re-inflamada

Vivendo a morte
deste coração
invento coragens
pra não ser imagem
de qualquer ser vão
quarto descartável
seres implacáveis

Por dentro invadem
o que fora fodem
fedem
fadam
flores
flertam
figas

Nos dedos destorcem
amores por sorte
inventadas fugas
aos pés rachaduras
das plantas os galhos
enaltecem lábios
agoando luvas

Línguas se confundem
com dedos e os nomes
e os monges e as ervas
cartazes abraçam
não somos mais elas
pormenores falam 
mudamos iguanas.

Vamos surfar nas larvas
que acalcam nossas praias

Pierre Tenório

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

eu mesmo
quero ficar sentado sobre você, poema
sem que me penetres

não falar nada sobre
este meu falo encantado
nem gritar

eu não quero estar
chupando os dedos
enquanto te olho

e nem abraçar o teu pau
e nem beijar tua bunda
eu não quero prestar
esse serviço limpo pra você

seu poema cheio de cheiros
eu não

só quero que me sirvas
com tua boca
em meus seios

calado poema
e beba meu leite

e chore
dentro das minhas mãos

pois meus olhos
já não leem
tua barba

minha língua já não fala
tua língua

as palavras só te pedem
um pouco mais de gala

rasgo os trages

me perturbo
circulando o sabor
das tuas unhas

durmo com você
dentro

é

não basta ficar
calado
sobre minha cama
sobre meu corpo de lençol

e despedida

Pierre Tenório