Garupa 
nenhum poema pode ser silenciado 
na claridade das retinas;
minhas pernas estão cansadas dos pelos 
somos quatro cabeleiras 
para três motocicletas 
e toda a paisagem é pouca
para dois olhos em cada rosto
enquanto transito em mim mesmo
as árvores são fatiadas 
como um bolo, ou presunto e queijo
dentro de um pão
cada pedaço se torna estátua 
diante do meu barulho
já era claro, mesmo quando 
a lua penumbrava os juízos 
finais 
estava tudo claro no canto
dos pássaros engaiolados 
eu mesmo, um perseguidor 
de fogueiras apagadas 
entre os galhos 
não sou o mesmo e mesmo assim
já esqueci que estou pronta 
não me dirija os pedais 
só me fotografe, mesmo 
que nunca se revele 
Pierre Tenório 
 
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