esqueço as palavras ou tento e
fico lembrando sorriso e pele
das pinturas quebradas que remetem 
o sonho do espreguiçar 
juro estranhamente não nos matarem
nos dias de anteontem então
as pessoas não entendem que somos apenas menininhas 
e eles querem meter em nós, só um sorrisinho modernista 
arranhado na gargante
um sorrisinho  
e algum deslize  
sem graça, tia 
tiaaaa, roubaram as minhas roupas
hahaha e não quero mais me vestir 
os poemas não são meus sonhos 
(nem os teus) 
e as palavras não tão reais
(e agora?) 
quanto as músicas que julgo e como 
tanto as letras que jogo fora 
e mais 
penso que as espadas podem nos ferir
mas, meu amor, sempre haverá alguém
para desmentir
e meu sangue se tornará bruto, seu idiota
minto que todas elas
elas as palavras seriam 
tão quais vãs lençóis
que te cobrem todas as noites
e toda essa bosta é pra ter rima
e não
e repasso horas programando coisas    
tão importantes como quase nunca 
mais não.
eu te amo
vai tomar no cu, não lembro mais 
dos teus beijos e de todas 
as provas que a média, mídia, mesmo a moda  
me desconsolidaram 
não avancei na escola que andei
meramente merdas, me ensinaram algo 
ao passar das horas,comeram e vomitaram 
tudo em versos de repúdio 
me exilaram pra dentro de mim mesmo, mãe  
vou receber um diploma de merda
que me julgará uma merda
e aí? tu és um bom músico?
(enquanto escrevo isso pra ti me sinto uma droga penada 
escolhendo as palavras certas pra não te desagradar 
tirei todos os retratos do caderno;
não; da agenda
não;
e os versinhos também 
dos recreios e pra quê tantos.
também as fotos)
geralmente não tenho escrito pra nada,
e as árvores tem saído dos caminhos  
só queria que você me entendesse um pouco e não)
não quero fechar os parenteses)
(sim)
 também me sinto lindo
e isso não é uma carta de amor
quero me vocês me ouçam, sem aplausos que mentira.
vejo o dia raiar e mais uma vez na vida penso quantas noites
tu passas acordado pensando em tantas coisas mais importantes do
que seria mais importante pensar em tudo isso que  
e mais uma vez me pego e me agarro e me dobro
e papel
pedi pro meu amigo puxar uma carta
e ele me negou
daí eu fiquei em mim mesmo e 
em alguém mais 
me importo com os sonhos e os vivo.
sonhos que meus olhos não vivem ao mesmo tempo
e em mim em mim, minhas letras cansaram de amar.
não quero saber de escrever 
sobre nada que o nada me faça
te ler, teu amor) juro fazer outras coisas e não.
abro parênteses fechados, quando abro de novo
os fecho e
vou comer algo e cantar algo. 
me solta um poema 
Pierre Tenório 
 
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