domingo, 22 de janeiro de 2017

esqueço as palavras ou tento e
fico lembrando sorriso e pele
das pinturas quebradas que remetem
o sonho do espreguiçar

juro estranhamente não nos matarem
nos dias de anteontem então

as pessoas não entendem que somos apenas menininhas
e eles querem meter em nós, só um sorrisinho modernista
arranhado na gargante

um sorrisinho
e algum deslize
sem graça, tia

tiaaaa, roubaram as minhas roupas
hahaha e não quero mais me vestir

os poemas não são meus sonhos
(nem os teus)
e as palavras não tão reais
(e agora?)
quanto as músicas que julgo e como
tanto as letras que jogo fora

e mais

penso que as espadas podem nos ferir
mas, meu amor, sempre haverá alguém
para desmentir

e meu sangue se tornará bruto, seu idiota

minto que todas elas
elas as palavras seriam
tão quais vãs lençóis

que te cobrem todas as noites

e toda essa bosta é pra ter rima
e não
e repasso horas programando coisas

tão importantes como quase nunca
mais não.

eu te amo

vai tomar no cu, não lembro mais
dos teus beijos e de todas
as provas que a média, mídia, mesmo a moda
me desconsolidaram

não avancei na escola que andei
meramente merdas, me ensinaram algo
ao passar das horas,comeram e vomitaram
tudo em versos de repúdio

me exilaram pra dentro de mim mesmo, mãe

vou receber um diploma de merda
que me julgará uma merda
e aí? tu és um bom músico?

(enquanto escrevo isso pra ti me sinto uma droga penada
escolhendo as palavras certas pra não te desagradar

tirei todos os retratos do caderno;
não; da agenda
não;
e os versinhos também
dos recreios e pra quê tantos.
também as fotos)

geralmente não tenho escrito pra nada,
e as árvores tem saído dos caminhos
só queria que você me entendesse um pouco e não)

não quero fechar os parenteses)

(sim)
também me sinto lindo
e isso não é uma carta de amor

quero me vocês me ouçam, sem aplausos que mentira.

vejo o dia raiar e mais uma vez na vida penso quantas noites
tu passas acordado pensando em tantas coisas mais importantes do
que seria mais importante pensar em tudo isso que

e mais uma vez me pego e me agarro e me dobro
e papel

pedi pro meu amigo puxar uma carta
e ele me negou
daí eu fiquei em mim mesmo e
em alguém mais

me importo com os sonhos e os vivo.
sonhos que meus olhos não vivem ao mesmo tempo
e em mim em mim, minhas letras cansaram de amar.
não quero saber de escrever
sobre nada que o nada me faça
te ler, teu amor) juro fazer outras coisas e não.
abro parênteses fechados, quando abro de novo
os fecho e

vou comer algo e cantar algo.
me solta um poema





Pierre Tenório

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