sábado, 24 de dezembro de 2016

tão julgado indiferente injusto
pra mim é fevereiro no natal janeiro
e me perco irremediavelmente
nem percebo o mundo que se cria em meu bucho magro
quase como um filho de merda que renego as vésperas
do vômito beijo
posso carregar o hálito das algumas visceras
pelas estradas do labirinto que me perco idiota
e enfiar teu pau como uma árvore poente
imensidão de luz e friagem
frigidez
coisa mórbida
mas, não cinza
EU QUERO CINZA (isso deveria estar minusculo pq eu não gosto disso)
enquanto isso me perco no arrebol
não, no nascente claro
esqueci
pra fazer escorrer no teu corpo
as larvas de gelo que são
todas as palavras que não dito
digito
digo e ao mesmo tempo...
coagulo num porão de rosas mortas
achadas no lixo
protesto e ocupo
as escolas como e devoro
minha casa forte
porto
sorte
penso que me ensinarias
penso que morreria ao saber que

num longo espaço de tempo amplo
nossas cicatrizes como a terra
germinam
transparentes nordestes
e nada nos cabe
todo mundo dorme

Pierre Tenório

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