sexta-feira, 29 de agosto de 2014

PURGATÓRIO

Pude sentir a ira nas expressões faciais daquela mulher,
de uma hora pra outra ela batia o martelo com mais força,
o prego caía e ela continuava batendo com força o martelo,
até quebrar as paredes.

E nas paredes do deserto ensolarado por SETE DIAS E SETE DIAS,
SEM NOITES, me tornei uma sombra escura e maldita, perseguida
por corpos a procura de uma, como quem corre do sol de um
dia-meio
corrido, sem teto e
sem tato.

Ela faz de conta, sorri e corre pelos campos secos
até que sedenta, senta sobre uma linda pedra preciosa
sem nenhum valor e adormece;
sonha com uma noite inteira
procurando conchas, pois havia um
mar;
de pesadelo bebe um pouco daquela água
salgada e sorri de si
e do deserto de si.

Acorda no sétimo dia, rastejante
a procura de uma sobra de parede que
a trouxesse sombra, mas, a ultima que restava,
ela derrubou com uma
martelada;
antes de morrer

Pierre Tenório

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